quarta-feira, dezembro 29, 2004

PSD “faz as pazes” com Menezes

Ao que tudo indica, o natal de 2004 trouxe uma óptima prenda para o autarca de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes.

Segundo o JN apurou, junto do próprio Menezes, o seu nome está confirmado para encabeçar a lista do PSD para o distrito de Braga. Depois de alguns desentendimentos com Santana Lopes, Menezes parece ter chegado a um acordo com o primeiro-ministro, conseguindo, assim, o tão ambicionado regresso ao Parlamento.

Inicialmente, Menezes teria manifestado preferência por Aveiro, no entanto, a recandidatura de Marques Mendes fez com que esse cenário não se pusesse. De facto, Menezes já tinha assumido publicamente que tinha intenção de ocupar um lugar na Assembleia da República, apesar dos conflitos que mantinha com o líder do seu partido.

Se este facto, como tudo indica, se confirmar, será um fim de ano em grande para o autarca, depois de um período bastante conturbado da sua carreira política.

No que se refere à Câmara de Gaia, Menezes garantiu estar empenhado em concorrer a mais um mandato, apesar de se ter decidido por uma candidatura a deputado.

Fonte: JN

*devido a problemas do arquivo do JN, não me foi possível disponibilizar o link. Por esse facto, peço desculpa.

terça-feira, dezembro 28, 2004

Ucrânia: Guerra aberta entre Ianukovich e Iuschenko

A instabilidade política parece não abrandar na Ucrânia e é agora agravada com a decisão de Victor Ianukovich recorrer ao Supremo Tribunal, na tentativa de anular os resultados da segunda volta destas eleições presidenciais.

Nestor Chufrin, representante de Ianukovich, anunciou esta decisão na Comissão Eleitoral Central (CEC), revelando que, durante os procedimentos de contagem eleitoral, foram cometidas “irregularidades sistemáticas”. No entanto, os observadores internacionais confirmaram a vitória de Iuschenko por quase 8 pontos percentuais (56,06 por cento contra 44.14 por cento), numas eleições que contaram com a participação de mais de 37 milhões de pessoas.

No seu discurso na Praça da Independência, Iuschenko esclareceu que a sua vitória foi “elegante, limpa e democrática”. Acrescentou ainda que o povo ucraniano fez frente a um dos regimes mais corruptos do leste europeu.

Curiosamente, e apesar da orientação europeia da sua política, a primeira capital estrangeira que o líder da oposição ucraniana pretende visitar é Moscovo. Quanto a esta intenção, Victor Tchernomirdin, embaixador de Moscovo em Kiev, voltou a confirmar a posição do Kremlin: “Vamos trabalhar com o político que povo ucraniano escolher. O Presidente da Rússia afirmou isso e assim será”.
Fonte: Público

domingo, dezembro 26, 2004

Sismo na Ásia causa mais de 11.000 mortos


Os últimos balanços provisórios anunciaram que mais de 11.000 pessoas morreram hoje em sete países do sul e sudeste asiático na sequência de um forte sismo com epicentro na Indonésia. O sismo originou ondas gigantescas (tsunamis) que devastaram as costas do Oceano Índico.

O sismo atingiu uma magnitude de 8,9 na escala aberta de Richter, sendo o quinto mais violento registado desde 1900. Para além dos milhares de mortos, há milhares de feridos e milhões de desalojados no Sri Lanka, na Índia, na Indonésia, na Tailândia e na Malásia.
O governo das ilhas Maldivas foi o primeiro país dos sete afectados pelo sismo a fazer um apelo oficial, solicitando ajuda internacional.

A Comissão Europeia disponibilizou hoje uma ajuda imediata de três milhões de euros às vítimas do sismo. Louis Michel, Comissário Europeu para a Ajuda Humanitária, anunciou que uma equipa de resposta e emergência está a trabalhar a partir de Bruxelas com pessoal que se encontra nas regiões afectadas, com o intuito de concluir quais as necessidades e ajudas mais eficazes.

O governo português anunciou hoje, em comunicado, a sua disponibilidade para apoiar as vítimas dos tsunamis, no âmbito das iniciativas preparadas pela União Europeia.

A França e a Rússia anunciaram que na próxima segunda-feira vão enviar aviões com socorristas e material de apoio humanitário para o Sri Lanka.

A delegação dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Bélgica está a preparar o envio de um avião com 32 toneladas de ajuda para a Indonésia com equipamento médico, de higiene e saneamento. A ajuda irá auxiliar entre 30 a 40 mil pessoas afectadas pelo sismo.

A Cruz Vermelha espanhola cedeu 36 mil euros dos seus fundos de emergência para apoiar as operações de resgate e de emergência na Índia, Sri Lanka e Indonésia. A mesma, anunciou um eventual envio de delegados para a zona. Esta operação será efectuada em coordenação com a Federação Internacional da Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho.

Na Alemanha, as organizações humanitárias pediram à população que prestasse donativos às pessoas afectadas pelo sismo. Representações alemãs de organismos internacionais como a Caritas, UNICEF e World Vision criaram contas de ajuda às vítimas. A Ajuda Contra a Fome no Mundo, organização não governamental alemã, começou já a abastecer algumas zonas afectadas no Sri Lanka, através da sua filial Sewa Lanka.

A Indonésia é o país, de todos os que foram afectados pelo sismo, que tem o maior número de vítimas mortais (4185), segundo o último balanço do Ministério da Saúde de Jacarta.

Entre os desaparecidos encontram-se seis portugueses que estavam na ilha de Phuket, na Tailândia.

A rapidez será um factor importante, não só no que diz respeito à ajuda humanitária como também no que toca ao acolhimento dos inúmeros desalojados, passando pela preservação da saúde pública.

Fonte: Agência Lusa

sexta-feira, dezembro 24, 2004

Objectivo: manter o défice abaixo dos 3%


O “chumbo” da Eurostat à proposta apresentada pelo Governo em vender património do Estado sofreu um retrocesso. Foi necessário encontrar uma solução alternativa que conseguisse manter o défice abaixo dos 3%.

O governo anunciou, ontem, que a solução encontrada para o cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) foi a transferência de mais mil milhões de euros do fundo de pensões da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para a Caixa Geral de Aposentações (CGA).

Bagão Félix, ministro das Finanças considerou esta decisão como sendo necessária, uma vez que visa defender “o interesse de dez milhões de portugueses”. Expressou ainda que, esta resolução permite “uma folga de segurança” caso as receitas fiscais fiquem abaixo do esperado. O incumprimento do PEC iria “dificultar o acesso” a fundos comunitários, fragilizando a situação económica do país.

A decisão do Governo levou ao pedido de demissão do presidente da CGD, Vítor Martins, que declarou existir “algum desconforto”, “nomeadamente nos seus vice-presidentes”, visto tratar-se de um assunto que, segundo Vítor Martins, tinha já sido discutido e concluído com o Governo. Maldonado Gonelha, vice-presidente da CGD, também apresentou a sua demissão após o anúncio feito pelo governo.

Os trabalhadores da CGD assim como alguns sindicatos ameaçam avançar com uma queixa em Tribunal contra a decisão do Governo.

Mira Amaral, considerou que “é um escândalo que isto esteja a ser feito por um Governo de centro-direita”.

Manuel Pinho, porta-voz do PS para a Economia, referiu que a aprovação “na data-limite” vem mostrar que “não foi devidamente preparada a obtenção de recursos” para cumprir os 3%. Findou dizendo que a medida tomada pelo Governo “é uma cortina de fumo para tapar uma realidade”

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, mencionou que “patriótico seria a alteração do PEC”.

Os fundos de pensões acabam por solucionar o problema do défice. Todavia o recurso a “medidas extraordinárias” acaba por ser um prenúncio de que a economia portuguesa não tem o “vento a seu favor”.

Fontes: JN, Público.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

União Europeia de portas entreabertas à Turquia

Ao longo da cimeira de hoje e amanhã em Bruxelas, os dirigentes europeus vão traçar um prazo para o início das negociações de adesão da Turquia à União Europeia (UE).

A Turquia, que há longos anos luta por um lugar nesta comunidade económica e política, vê agora mais perto o seu ansiado objectivo. Após esta reunião, será estabelecida a data que irá dar início aos processos de adesão. Trata-se, contudo, de um longo e complexo percurso devido às opiniões reservadas de alguns estados membros.

Um desses estados é a Áustria que tem as maiores dificuldades em aceitar a adesão. Devido ao facto da Turquia albergar 70 milhões de habitantes de maioria muçulmana, a Áustria exige que a decisão da cimeira siga uma via opcional sob a forma de uma “parceria privilegiada”. Esta ideia é também partilhada por França.

Por outro lado, Recep Erdogan, primeiro-ministro turco, alertou para o facto de que não aceitará nenhuma decisão que não seja a de “adesão plena”.

Quanto ao início das negociações, as opiniões são igualmente divergentes. Por parte da França, os processos inerentes à adesão deveriam apenas ter lugar no fim de 2005. No entanto, a maioria dos estados europeus, assim como a Turquia, defendem que a data deveria ser antecipada para os primeiros meses do próximo ano.

A propósito destas indecisões, e de acordo com o “Público” de hoje, o primeiro-ministro turco afirma: “Nenhum outro país teve de esperar 41 anos à porta da UE. Fizemos tudo o que nos foi pedido, mas os europeus continuam a hesitar. Isto pode ser claramente chamado discriminação”.

Na perspectiva francesa, a situação não será assim tão linear como Erdogan assegura. França lembra o não reconhecimento do Chipre por parte de Ankara, assim como aquilo que considera o genocídio de cerca de 1.5 milhões de arménios conferido ao Império Otomano entre 1915 e 1923.
Fonte: Público

PSD e CDS/PP com acordo pós-eleitoral



Os líderes do PSD e CDS/PP, Santana Lopes e Paulo Portas, respectivamente, assinaram ontem no hotel Ritz, em Lisboa, um acordo de coligação pós-eleitoral. Santana Lopes e Paulo Portas fizeram uma declaração conjunta, na qual divulgaram as suas intenções relativamente ao futuro dos dois partidos, nomeadamente às eleições antecipadas que se realizarão a 20 de Fevereiro do próximo ano.

Nas últimas duas semanas, a dúvida existente quanto ao facto de haver ou não um acordo de coligação pré-eleitoral entre PSD e CDS/PP tornou-se não só tema de interesse por parte dos media, como também de crítica por parte da Esquerda.

Os dois líderes confirmaram que o PSD e o CDS/PP concorrem em listas próprias às legislativas, acrescentando que os dois partidos “garantirão a formação de uma maioria estável e de uma solução de governo nela apoiada”.

Santana Lopes anunciou que PSD e CDS/PP “não serão adversários”, mas sim “concorrentes”. O líder democrata lembrou ainda as eleições de 2002, em que PSD e CDS/PP se apresentaram separados, mas alcançaram uma maioria suficiente para formar governo. Prossegue dizendo que “faz sentido continuar esse projecto”.

Paulo Portas mostrou-se concordante com Santana Lopes salientando a importância da “união” entre os dois partidos, no sentido de “darem a Portugal uma solução de governo coerente e estável”. O líder do CDS/PP referiu-se ainda às notícias que davam conta de uma suposta negociação do número de deputados para cada partido, no caso de a Direita sair vencedora. Declarou que “os deputados não são dados, são conquistados, não são emprestados, são merecidos”.

Em caso de derrota nas eleições legislativas, ambos os partidos comprometem-se a não fazer acordos com quaisquer outros partidos.

À Esquerda

Os partidos da Esquerda criticaram o acordo do PSD com o CDS/PP e advertiram que os portugueses não vão esquecer que ambos os partidos estiveram juntos no governo.

José Sócrates, secretário-geral do PS, disse não se tratar “de um casamento, mas de uma união de facto”, afirmando que “apesar de irem separados às eleições, estão juntos na prática”. “A estratégia não engana ninguém”, concluiu Sócrates.

Para o PCP e o seu secretário-geral, Jerónimo de Sousa, “juntos ou separados”, PSD e CDS/PP “vão ser derrotados”

O Bloco de Esquerda através de Francisco Louçã apelidou esta situação de “Carnaval”, e acrescentou que “se não existissem estes ministros (Santana e Portas) era preciso inventá-los”.

No caso de ser a Esquerda a vencer as próximas eleições legislativas e na ausência de maioria, a existência de um possível acordo pós-eleitoral não é rejeitada.

Fontes: Agência Lusa, JN e Público

domingo, dezembro 12, 2004

Sócrates prepara o “futuro”

Após a decisão de Jorge Sampaio de dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas para 20 de Fevereiro do próximo ano, já se notam algumas movimentações de bastidores no seio do Partido Socialista.

O maior partido da oposição, através do seu líder José Sócrates, tem desenvolvido importantes contactos no sentido de delinear a maqueta do próximo Governo, caso o PS vença as legislativas.

Neste sentido, parece certo que o “próximo” Governo rosa conta com o regresso de alguns “pesos-pesados” de anteriores governos socialistas, como é o caso de António Vitorino, Jaime Gama e António Costa.

Sob a direcção de Jorge Coelho, responsável operacional da campanha socialista, começam a ficar claros os nomes que vão acompanhar Sócrates no Governo, em caso de vitória eleitoral.

Quanto ás pastas a atribuir a cada ministro, não há, de facto, certezas, isto apesar de alguns rumores colocarem António Costa como ministro dos Negócios Estrangeiros e o independente Luís Campos Cunha (antigo vice-governador do Banco de Portugal) como Ministro das Finanças.

Fonte “Expresso”

Duarte Lima e a dissolução

Num artigo publicado no “Expresso” desta semana, Duarte Lima criticou duramente a decisão do Presidente da República, Jorge Sampaio, em dissolver o Parlamento.

Segundo ele, “o acto de dissolver o Parlamento é o acto político que consubstancia o erro mais estrondoso de uma presidência que se desdobrou em dois magníficos mandatos”.

Numa altura em que havia um Governo com maioria parlamentar, Duarte Lima não compreende a decisão de Sampaio, chegando mesmo a dizer que esta atitude pode abrir precedentes para futuras dissoluções de governos maioritários no nosso país.

Duarte Lima considera, ainda, que Sampaio desvirtuou os procedimentos que constam da Constituição Portuguesa, ao anunciar a sua decisão antes de ouvir os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado – “a decisão (…) torna vazia e até inútil a opinião dos conselheiros de Estado”.

Assim, para o comentador, Sampaio agiu de forma leviana, na medida em que “é difícil encontrar uma explicação política consistente” para a dissolução do Parlamento.

José António Saraiva, também ele comentador do “Expresso”, coloca mesmo a dúvida – “Suponhamos que o PS ganha as próximas eleições sem maioria absoluta. O que fará o Presidente?”

É, sem dúvida, uma questão a que o futuro se encarregará de responder.


Fonte “Expresso”

terça-feira, novembro 30, 2004

Decisão inesperada


O Presidente da República, Jorge Sampaio, vai dissolver a assembleia da república e convocar eleições antecipadas.

Jorge Sampaio deu 48 horas a Santana Lopes para fazer uma remodelação mais “profunda” no governo. Hoje, dia para o qual foi marcada a reunião e na qual o Primeiro-Ministro iria apresentar as alterações no governo, acabou por não o fazer.

O Presidente da República expressou logo no início da reunião as suas intenções a Santana Lopes.

Santana Lopes em declarações, após o encontro, comunicou que “o governo aceita a decisão do Sr. Presidente da República, mas não compreende tal decisão, uma vez que há maioria absoluta no parlamento”.

Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, referiu que “ainda bem que foi tomada esta decisão”, mostrando a intenção da oposição na dissolução do parlamento e em eleições antecipadas.

Para Ricardo Costa, jornalista e comentador político da SIC, Pedro Santana Lopes não conseguiu conduzir o seu governo, pelo menos de forma coesa.

Há um assunto que fica pendente: haverá tempo para se fazer eleições no PSD? Ou será que o ainda primeiro-ministro é, actualmente, líder indiscutível do PSD?

O governo irá manter-se no poder até à data das eleições, que se realizarão, provavelmente, em fins de Fevereiro, inícios de Março de 2005.
Fontes: RTP, SIC, Expresso on-line

segunda-feira, novembro 29, 2004

“Estado de Sítio” na Ucrânia


A Ucrânia está a passar por um momento difícil e de muita tensão. Desde a queda da ex- União Soviética em 1991 que a Ucrânia não passava por uma situação como a que está a ser vivida.

A vitória de Viktor Ianukovich nas eleições presidenciais transformou as ruas de Kiev num verdadeiro “campo de batalha”. Os milhares de apoiantes do candidato da oposição, Viktor Iuschenko, saíram para a rua em manifestação, denunciando uma suposta fraude nas eleições.

A resposta a esta “crise” já se fez ouvir. Os Estados Unidos da América, a União Europeia e o chanceler alemão Gerhard Schroeder qualificaram as eleições de fraudulentas e inaceitáveis. Inversamente, o Presidente russo, Vladimir Putin, felicitou Viktor Ianukovich pela vitória nas presidenciais.

Após a Comissão Nacional de Eleições ter dado a vitória a Ianukovich, Iuschenko apresentou queixa no Supremo Tribunal, pretendendo a anulação dos resultados e apelando ainda a uma greve geral.

O candidato da oposição pretende uma repetição das eleições, embora com a condição de que a comissão eleitoral seja mudada.

Vladimir Litvine, presidente da Assembleia Nacional ucraniana, assume que “a decisão política mais realista, tendo em conta as acusações mútuas de irregularidades e de violação em massa, é reconhecer o escrutínio inválido, porque é impossível estabelecer o resultado do voto”. Por outras palavras, a resolução mais simples para este “impasse” será uma nova votação.

Os milhares de manifestantes que se encontram mobilizados no centro de Kiev bloquearam os acessos às sedes do Governo e da Presidência.

Amanhã será o dia D, no que diz respeito à legitimidade ou não de Iuschenko em pedir a contestação das eleições. O Supremo Tribunal irá reunir-se para analisar o recurso.

Numa altura em que a possibilidade de “guerra civil” é falada e pensada um pouco por toda a Ucrânia, impõe-se um desenrolar rápido e eficiente, de forma a terminar com o “jogo de palavras” e proporcionar um futuro seguro e democrático a todos os ucranianos.

Fontes: Expresso e JN

sábado, novembro 27, 2004

Menezes abre o livro

Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara Municipal de Gaia, sente-se injustiçado pela forma como tem sido tratado pelo PSD. O autarca de Gaia, em entrevista ao Expresso, exprimiu a sua revolta em relação a uma série de acontecimentos menos claros que o têm mantido afastado da vida activa do partido.

No último congresso dos sociais-democratas, Menezes foi cirurgicamente colocado de fora da lista para a direcção do partido, facto que acabou por motivar o “grito de revolta” do autarca – “Sou perseguido pelo PSD”.

Sobre os eventuais responsáveis pela sua situação no partido, Menezes prefere manter o silêncio. Apesar disso, o autarca de Gaia diz com toda a convicção – “Quem mas fez, paga-mas (…) com uma factura a triplicar”.

Sobre o seu futuro na autarquia de Gaia, Menezes reitera a intenção de não se recandidatar, a menos que o partido mostre interesse na sua continuidade. Visivelmente desiludido com o PSD, Menezes abordou ainda a possível candidatura à Câmara do Porto de forma taxativa – “O meu partido já escolheu um candidato. Chama-se Rui Rio”.


Fonte Expresso

sexta-feira, novembro 19, 2004

Bush - parte II



O presidente dos Estados Unidos, George Bush, já escolheu o substituto de Colin Powell para o cargo de secretário de Estado. Condoleezza Rice, conselheira de Segurança Nacional durante o primeiro mandato de Bush, é a eleita para o cargo.

Conhecida pela sua discrição, competência e “pulso firme”, Condoleezza pertence ao círculo íntimo de Bush, tendo auxiliado o presidente dos Estados Unidos durante a sua primeira campanha para a Casa Branca e acabando por entrar para a sua “equipa”.

George Bush descreveu Rice dizendo que “A secretária de Estado é o rosto da América para o mundo, e na Dr.ª Rice o mundo verá a força, a elegância e a decência do nosso país”.

A preferência por Rice deve-se ao facto de a ex-conselheira de Segurança Nacional ser de “ideias fixas” e partilhar em boa parte das opiniões de Bush.

A passagem de Condoleezza para o novo cargo vem reforçar a face activa e decidida de Bush relativamente à condução da política externa.

Com a guerra do Iraque ainda no horizonte, o problema do “ouro negro” e a ameaça iminente da Al-Qaeda, a presença, agora mais directa, de Rice será um “alicerce” sólido não só para os EUA como também para o segundo mandato de Bush.

quinta-feira, novembro 18, 2004

Cadeira de vago



Luís Marinho, actual director de informação das três principais estações da RDP e director de informação da Antena 1 e da Antena 3 é avançado pelos media como possível sucessor de José Rodrigues dos Santos na direcção de informação da RTP.

A possível escolha de Marinho deve-se à intenção de anexar as redacções da rádio e da televisão do Estado, que já se encontram em parte unidas na “RTP-Rádio e Televisão de Portugal”.

No final da noite de ontem, a TSF anunciou o nome de Luís Marinho como sendo o nome a ser apresentado à Alta Autoridade para a Comunicação Social por parte da administração da RTP.

A alteração na direcção de informação da RTP não deverá ser caso único, estando previstos outros reajustamentos a nível directivo.

A demissão de José Rodrigues dos Santos levantou uma vez mais a questão da existência ou não de pressões por parte do Governo.

O ministro de Estado e da Presidência, Morais Sarmento, considerou a situação como “uma questão interna da empresa”. Francisco Pinto Balsemão, presidente do grupo Impresa e antigo primeiro-ministro considerou esta situação como sendo um “espectáculo pouco edificante” o que se tem visto ultimamente na comunicação social.

O sindicato dos Jornalistas expressou-se ontem relativamente à nomeação da correspondente da RTP em Madrid. Referiu que “a administração deve respeitar integralmente os resultados da avaliação do referido concurso”, reforçando a ideia de que “não é a única e principal razão para o pedido de demissão”; “entendemos (…) estar perante mais um novo e lamentável sinal de interferência do Governo no serviço público de televisão”.

A próxima segunda-feira é o dia marcado para a audição de José Rodrigues dos Santos na Alta Autoridade para a Comunicação Social.

Resta esperar pelos desenvolvimentos que esta história vai sofrer, uma vez que a “sucessão de casos” pode acentuar ainda mais o clima de tensão presente entre os meios de comunicação social e o Governo.

Fonte Público

quarta-feira, novembro 17, 2004

Nova legislação proibe tabaco em locais públicos

A propósito do Dia Nacional do Não Fumador, assinalado hoje, o Governo irá proibir o consumo de tabaco em locais públicos.

A nova legislação referente ao tabaco, anunciada hoje pelo ministro da Saúde, tem como principal objectivo aumentar a protecção da saúde daqueles que não fumam e que estão sistematicamente expostos ao fumo dos fumadores.

As novas medidas passam, essencialmente, pela proibição de fumar nos mais variados locais públicos. Deste modo, a proibição irá atingir instituições para idosos, todo o tipo de instituições que prestem serviços médicos, meios de transporte públicos, estabelecimentos de restauração, bares, discotecas e, ainda, estabelecimentos de ensino. Quanto a locais de trabalho, a proibição só será total caso estes não possuam uma estrutura de ventilação adequada.

De acordo com o “Jornal de Notícias”, o decreto-lei relativo a estas novas medidas será, provavelmente, aprovado ainda no decorrer do mês de Novembro, em Conselho de Ministros.

Pais Clemente, presidente do Conselho de Prevenção do Tabagismo, defende que, perante as incontornáveis provas acerca dos malefícios do tabaco, os políticos responsáveis por este assunto devem consciencializar os fumadores dos problemas que o tabaco acarreta e, paralelamente, adverti-los no sentido de não prejudicarem a saúde dos não fumadores.

segunda-feira, novembro 15, 2004

Um congresso para unir o partido


O XXVI Congresso do PSD, que decorreu no passado fim-de-semana em Barcelos, ficou marcado pelo total apoio dos militantes em relação à moção de estratégia apresentada pelo actual líder, o primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.

Como é sabido, desde a partida de Durão Barroso para Bruxelas, levantaram-se algumas questões em relação à legitimidade de Santana Lopes para governar o partido e, por arrastamento, o país. Vozes internas e externas aos sociais-democratas tentaram de forma constante enfraquecer a posição de Santana, pelo que este congresso era absolutamente necessário, no sentido de esclarecer definitivamente a hierarquia do partido.

Duarte Lima, um dos mais influentes militantes do PSD, concorda com a estratégia de Santana Lopes em realizar o congresso nesta data. Segundo ele, o primeiro-ministro necessitava de esgotar rapidamente o argumento da legitimidade, de modo a desvitalizar os seus mais proeminentes críticos – “esse argumentário deixa de ter qualquer sentido a partir de agora”. Assim, Santana conseguiu os seus intuitos, saiu de Barcelos de cabeça erguida auferindo do estatuto de líder de pleno direito e aclamado pela maioria dos presentes no congresso.

Em jeito de balanço, há que realçar o facto de Santana Lopes ter lançado para a mesa o “dossier” Cavaco Silva, isto é, o tema das presidenciais. O primeiro-ministro assumiu o apoio a uma eventual candidatura de Cavaco à presidência da república, situação que surpreendeu os presentes em Barcelos.

Duarte Lima, valida inteiramente a abordagem de Santana em relação a esta temática – “a questão presidencial (…) é proposta em termos prudentes e sensatos”. O comentador defende que o partido não pode ignorar o tema das presidenciais. Este assunto faz parte integrante da política estratégica do partido, pelo que Santana demonstrou um apurado “jogo de cintura” ao avançar o nome de Cavaco Silva para Belém.

Fonte “Expresso”

quinta-feira, novembro 11, 2004

A confirmação

Yasser Arafat, líder da Autoridade Palestiniana morreu esta madrugada no hospital de Paris, às 2H 30m (hora de Lisboa).

O líder palestiniano encontrava-se ligado a um ventilador desde a passada quinta-feira, tendo o seu estado de saúde piorado nos últimos dias.

A especulação sobre a sua morte foi muita durante esta semana. Um pouco por todos os media noticiou-se a morte do líder, tendo sempre como consequência a negação, uma vez que houve sempre alguém "próximo" de Arafat que desmentiu.

As cerimónias fúnebres do líder palestiniano vão decorrer na cidade do Cairo, ( cidade natal de Arafat). Esta decisão foi tomada após o encontro do Presidente Hosni Mubarak com o Presidente do Iémen, Ali Abdallah Saleh, e com os elementos que gerem os negócios palestinianos desde que Arafat foi hospitalizado.

Nabil Abu Rudeinah, braço direito do líder palestiniano, anunciou, ontem à noite, aos jornalistas que "haverá um funeral oficial no Cairo na sexta-feira, com a participação de reis, princípes e líderes de Estados árabes e islâmicos".

O corpo de Yasser Arafat será hoje transportado de avião para o Egipto, onde decorrerão as cerimónias fúnebres. Será posteriormente transportado para a "mukata" em Ramallah onde será sepultado.

Os palestinianos receberam a notícia da morte do seu líder com dolência, embora já estivessem "preparados", devido à sucessão de notícias dos últimos dias.

Vários líderes mundiais lamentaram a perda do líder do povo palestiniano, entre eles George W. Bush que deseja que o futuro traga "paz e cumprimento das suas aspirações para uma Palestina independente, democrática e em paz com os seus vizinhos".

Com a morte de Yasser Arafat desaparece o "guerrilheiro", o rosto da resistência palestiniana, aquele que sempre quis "trazer" a paz ao seu povo.

Rawhi Fattouh, presidente do Parlamento palestiniano é o substituto de Arafat nas funções de Presidente da Autoridade Palestiniana, por um período de 60 dias.

O substituto permanente de Arafat será eleito após cessar este período. Resta saber quem sucederá o líder palestiniano nas suas labutas.

A substituição de "uma das figuras políticas mais relevantes do nosso tempo" não será tarefa fácil, independentemente daqule que seja o substituto.

Fonte Público







quarta-feira, novembro 10, 2004

Bush apoia nova direcção palestiniana

George W. Bush, ao receber hoje na Casa Branca o secretário-geral da NATO, Jaap de Hoop Scheffer, considerou que existe a possibilidade de paz para o Médio Oriente, sob uma nova direcção palestiniana.

De acordo com as palavras do presidente norte-americano, essa paz é possível devido ao facto de todas as pessoas quererem ser livres. Assim, os EUA estarão dispostos a prestar as ajudas necessárias para que surja uma sociedade livre e para que os palestinianos possam ter o seu próprio estado. Bush lembrou ainda que gostaria de ver, já em 2005, um estado palestiniano e um israelita, Israel, a coexistirem em paz.

Desde o inicio da administração Bush que os EUA recusam qualquer contacto com Yasser Arafat, acusando-o de ser um apoiante do terrorismo.

Por outro lado, o secretário-geral da liga árabe, Amr Moussa, defende que Arafat nunca foi um entrave à paz. Na sua perspectiva, a paz seria um dado adquirido no momento em que todos os estados da região renunciassem às armas de destruição maciça. Israel recusou esta alternativa.

Segundo Moussa, Arafat foi antes uma espécie de pretexto para não se avançar para a paz. Esta situação, aparentemente paradoxal, deve-se ao facto do líder palestiniano estar consciente do sofrimento que o seu povo teria de passar para obter a tão desejada paz e um estado próprio. Para “compensar” este desequilíbrio de obrigações, Arafat sempre exigiu que Israel pagasse também um preço por um futuro sustentado de cooperação, fronteiras abertas e paz.

Deste modo, Amr Moussa apelou à administração norte-americana para que leve realmente a cabo a promessa de ajudar o Médio Oriente, na medida em que isso poderia contribuir para uma situação de paz entre estes dois estados conflituosos.

Vaga de medo dispara na Holanda

Realizaram-se ontem, em Amesterdão, as cerimónias fúnebres do realizador Theo Van Gogh, assassinado no passado dia 2, supostamente em nome do islamismo radical.

No mesmo dia, uma sondagem publicada na Holanda revelava que quase metade dos holandeses gostaria que os muçulmanos fossem afastados do país. A Holanda, que tem cerca de 16 milhões de habitantes, conta com um número estimado de 900 mil muçulmanos, sendo 300 mil de origem marroquina.

A sondagem indica, também, que a maior parte da população holandesa (90%) reclama o reforço da luta contra o terrorismo, ainda que isso perturbe as liberdades individuais. Esta investigação teve por base um universo de 1857 pessoas entrevistadas, com idades compreendidas entre os 15 e os 80 anos.

Theo van Gogh, 47 anos, era um acérrimo crítico da sociedade multicultural. No seu último filme, “Submissão”, Theo trata da posição da mulher islâmica no Corão. O autor do seu assassínio, Mohammed Bouyeri, tem dupla cidadania – holandesa e marroquina. Mohammed deixou um panfleto sobre o cadáver com expressões islâmicas e ameaças de morte contra outras personalidades. Este facto terá levado a polícia holandesa a considerar este acto como sendo um acto terrorista com o carimbo do fundamentalismo islâmico.

No espaço de uma semana após a morte do realizador, a polícia deteve já quatro marroquinos e um argelino acusados, juntamente com Mohammed, de estarem integrados numa organização com objectivos terroristas. Além destas detenções, as autoridades holandesas procuram, desde o dia de ontem, um sírio que terá desempenhado um papel intermediário no assassínio de Theo van Gogh.

Para além deste esforço da polícia em deter culpados e evitar novos ataques deste género, a ministra da Integração holandesa, Rita Verdonk, numa visita à mesquita al-Kabir, em Amesterdão, fez um apelo aos líderes religiosos muçulmanos para que estes se unam contra o terrorismo.

terça-feira, novembro 09, 2004

Incógnita

Muito se tem especulado sobre a morte do líder palestiniano, Yasser Arafat, anunciada pelo primeiro-ministro Luxemburguês, embora esta ainda não tenha sido confirmada.

Por um lado, o porta-voz oficial do hospital, Christian Estripeau, afirmou que o estado de saúde de Arafat não se agravou, todavia existem “outros” que defendem uma “morte clínica”.

Esta situação acentua o clima de tensão israelo-palestino e levanta a questão da “espera política” relativamente à morte do líder.

Yasser Arafat, como muçulmano, tem até 48 horas para ser sepultado. O problema coloca-se ao nível do local escolhido por Arafat, a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, no Monte do Templo.

A escolha do líder palestiniano entra em conflito com a decisão de Ariel Sharon, primeiro-ministro israelita, ao expressar que «Jerusalém é a terra onde são sepultados os reis judeus e não terroristas árabes».

A segurança aumentou em Israel devido ao perigo de possíveis manifestações ou ataques por parte de palestinianos.

Do lado palestiniano, o primeiro-ministro Ahmed Qorei foi investido de novos poderes ao nível da segurança e das finanças. Tal acção evita um “enfraquecimento” dos palestinianos, originado pela ausência de Arafat.

A confirmar-se a morte de Yasser Arafat, levanta-se a dúvida quanto ao sucessor na liderança da Autoridade Palestiniana, não se excluindo uma possível tomada de poder por parte dos grupos mais radicais, como é o caso do Hamas e da Jihad Islâmica.

Fonte EXPRESSO

A um passo do abismo

Explosiva é, talvez, a palavra que melhor define a situação que se vive na Costa do Marfim.

Tudo começou quando dois aviões militares daquele país atacaram, supostamente sem intenção, um agrupamento liderado por forças francesas que integram a missão de paz da ONUCI destacada naquele país.

Em resposta a este ataque, que provocou dez mortos e vinte e quatro feridos, a França reagiu de forma instantânea, destruindo os dois aviões marfinenses envolvidos no sucedido.

Esta situação foi condenada desde logo pelo Conselho de Segurança da ONU. Segundo este organismo, o presidente francês Jacques Chirac teve uma atitude reprovável ao ordenar a retaliação gaulesa à revelia das Nações Unidas.

O presidente desta ex-colónia francesa, Laurent Gbagbo, já veio pedir desculpas pelo sucedido, no entanto, a situação mantém-se tensa face aos confrontos entre rebeldes e forças governamentais, facções que, lembre-se, disputam o controlo do país desde a sublevação militar de Setembro de 2002.

Há que lembrar que este país africano vive uma situação mais tranquila desde Janeiro de 2003, aquando da assinatura dos acordos de paz de Marcoussis. Apesar deste compromisso escrito, o norte, nas mãos dos rebeldes, e o sul, sob o controlo governamental continuaram a conviver de forma bastante hostil, desrespeitando a trégua anteriormente assinada.

Face a isto, parece cada vez mais claro o cenário de regresso a uma guerra civil, confronto que pode ter consequências devastadoras para o país mais rico da África Ocidental.


Fonte JN

segunda-feira, novembro 08, 2004

ETA em jogo…

Na passada semana, um pouco por todos os media, noticiou-se a suposta “perda de poderes” da ETA. Tal facto veio a público através de uma carta escrita por seis antigos dirigentes da organização, que se encontram a cumprir pena em prisões espanholas.

Entre eles encontra-se “Pakito”, conhecido dirigente dos anos mais sangrentos da ETA, capturado em 1992 em França.

A carta, dirigida aos novos dirigentes da organização Basca, tem como destaque o facto de frisar a falta de meios para a continuação da “luta armada”, justificando essa falta ao referir que «a nossa estratégia político-militar foi superada pela repressão do inimigo contra nós».

É expresso na mesma que a organização nunca esteve tão mal como agora, e que a estratégia político-militar já não se justifica.

Antagonicamente ao conteúdo da carta, e após saber-se de uma possível divisão no seio da própria ETA, alguns elementos da organização defendem uma intensificação da luta.

Resta saber se esta intensificação irá contrariar a ideia de uma ETA “enfraquecida” ou se, pelo contrário, apenas o confirmará.

Fonte EXPRESSO


terça-feira, novembro 02, 2004

O Homem Sem Nome

Pedro Santana Lopes, primeiro-ministro português, é um dos políticos mais mediáticos da actualidade do país.
No entanto, quando atravessa o Atlântico e entra em terras americanas, o estatuto do nosso político pode ficar reduzido ao de um cidadão comum e não identificado.
Foi o que aconteceu durante uma cerimónia de recepção aos dirigentes mundiais presentes na abertura da 59ª sessão da Assembleia-geral da ONU, em Nova Iorque.
Numa fotografia divulgada há semanas pela Associated Press, vê-se, à direita, Pedro Santana Lopes a apertar a mão do homem mais poderoso do mundo, George W. Bush; ao centro o Presidente da Guatemala; e à esquerda, o presidente dos Estados Unidos retribuindo o aperto de mão a Santana e com uma expressão que aparenta dizer: “Mas quem será este?”. Contudo, o problema não fica apenas pela expressão de Bush. A legenda da dita fotografia é, no mínimo assustadora: “O Presidente Bush, com o Presidente da Guatemala Oscar Berger ao centro e uma pessoa não identificada à direita…”.
Pois bem, a pessoa “não identificada” é, nada mais, nada menos do que o primeiro-ministro português que, nem com um cartão pendurado no casaco se salvou do anonimato. Melhor sorte teve o Presidente da Guatemala, devidamente identificado na legenda.
Tal imagem e legenda constituem demonstrações claras e óbvias de um dos assuntos que mais assusta a Europa relativamente aos Estados Unidos, ou seja, a sua profunda ignorância e desconhecimento sobre o mundo que os rodeia. Portugal é, efectivamente, um país pequeno; não conta com bases da NASA nem com poços de petróleo. Todavia, e já que se tratava de uma cerimónia de recepção aos dirigentes mundiais, o jornalista da Associated Press que redigiu a legenda devia, no mínimo, procurar saber quem seria o tal “unidentified man”.
Certamente não teria sido complicado descobrir que o “homem sem nome” era o actual chefe de governo do país que, ainda recentemente, acolheu nos Açores personalidades como Tony Blair, G. W. Bush e José Maria Aznar, numa cimeira onde se resolveram possíveis estratégias para conseguir fazer passar no conselho de Segurança da ONU a polémica resolução referente à guerra no Iraque.





quinta-feira, outubro 28, 2004

Corrida de Toupeiras II

A razão pela qual escrevo novamente sobre o processo de sucessão a Carlos Carvalhas no PCP, prende-se com o facto de faltar alguma fundamentação ao meu anterior artigo.

Neste sentido, apercebi-me que o meu ponto de vista era, no essencial, corroborado por respeitados comentadores do nosso universo político nacional.

De facto, José António Saraiva, comentador do Expresso, classifica de “encruzilhada” a situação que o Partido Comunista Português vive actualmente. Para Saraiva, o PCP é um partido do passado – “ainda sonha com o comunismo”, e o seu actual líder Carlos Carvalhas não conseguiu durante o seu mandato adaptar o partido ao nosso tempo – “tornou-se uma matéria para os estudantes de história”, referindo-se à própria doutrina do partido.

Segundo Saraiva, o PCP pertence a um mundo que desapareceu, sendo que lhe parece impossível uma reforma no partido, face às actuais disputas entre “duros e renovadores”. O comentador chega mesmo a dizer que , em caso de vitória, Jerónimo de Sousa vai-se tornar no “ Kaúlza do PCP”, isto é, representará o triunfo dos ultras do partido, a camada mais anti-democrática dos comunistas.

Para finalizar, Saraiva classifica a máquina do partido de “obsoleta”, fazendo lembrar o longínquo tempo da Revolução Industrial.

Posto isto, o comentador termina com uma interrogação em tudo semelhante ao meu anterior artigo –“ como pode o partido aspirar à conquista do futuro?”

Esquecimento ou provocação?

Manuela Ferreira Leite, ex-ministra das finanças do governo de Durão Barroso, deve ter ficado atónita com o que lhe aconteceu na passada semana. A “dama de ferro” dos sociais-democratas foi excluída das listas de delegados da secção F de Lisboa ao Congresso do PSD, numa situação, no mínimo, insólita. A causa deste afastamento foi a falta de pagamento da quota respectiva ao mês corrente, situação que irritou profundamente a ex-ministra, cujo nome ficou associado a uma política de rigor orçamental e de controlo do défice – “Fui tratada pelo meu partido como uma ilustre desconhecida”, disse Ferreira Leite ao “Expresso”.

Apesar desta casual vicissitude, o ditado desta vez não se confirmou, e a um azar não se seguiu outro. Neste sentido, Ferreira Leite foi bastante elogiada a nível europeu, nomeadamente pelo rigor financeiro a que submeteu o país, mesmo sabendo que esta opção a podia tornar impopular.

A resposta de Marcelo

As declarações proferidas por Paes do Amaral na passada segunda-feira, aquando da sua ida à Assembleia da República, não se desviaram do que tinha sido previamente afirmado pelo próprio. Paes do Amaral argumentou dizendo que tinha convidado Marcelo Rebelo de Sousa para um jantar de amigos, para poderem discutir as estratégias de comunicação da TVI, negando qualquer associação entre a reunião e as declarações do Ministro dos Assuntos Parlamentares, Rui Silva, negando ainda qualquer tentativa para “amaciar” os comentários do professor.

As declarações do empresário deixaram tudo em aberto para hoje, quarta-feira, dia em que o professor Marcelo Rebelo Sousa iria fazer a sua declaração na Alta Autoridade para a Comunicação Social.

O professor chegou calmo, no entanto, acabou por manifestar o seu desagrado para com as declarações proferidas por Paes do Amaral, visto terem acordado no final da reunião que nada iriam dizer acerca do seu conteúdo, justificando ser do foro privado.

Uma vez que Paes do Amaral quebrou esse “trato”, o professor Marcelo decidiu expressar-se de forma clara. Mencionou que o empresário lhe dera um prazo para repensar a orientação dos seus comentários, e que em forma de achega comparou a televisão à imprensa, expondo que existem diferenças entre ambas, tanto a nível económico como a nível de liberdade. Segundo o professor, Paes do Amaral concluiu dizendo que era impensável em televisão haver uma crítica sistemática ao governo.

As críticas de Marcelo não ficaram por aqui. O professor prosseguiu a sua declaração referindo que a reunião foi feita na ausência do director geral de informação da TVI e pegando no tema do princípio do contraditório, terminou dizendo que o primeiro-ministro Santana Lopes efectuara comentários num canal de televisão não tendo o contraditório, da mesma forma que o Ministro dos Assuntos Parlamentares, Rui Silva.

Parece haver uma tendência para as empresas portuguesas se encostarem ao governo quando estão “aflitas”, o que não quer dizer que seja uma obrigação.
Quem sai a perder com tudo isto é Paes do Amaral, que como empresário e presidente da TVI deixa no ar um “cheiro a esturro”, podendo mesmo perder alguma da sua credibilidade enquanto empresário. Pelo contrário, Marcelo Rebelo de Sousa sai como “mártir da liberdade de expressão".



terça-feira, outubro 26, 2004

Novo Subsídio de Desemprego

O novo subsídio de desemprego, delineado por Bagão Félix, será aprovado em breve em Conselho de Ministros.
Uma das alterações diz respeito às condições em que o desempregado pode ou não recusar o emprego. Conforme o novo plano, os desempregados beneficiários do subsídio com três ou mais filhos poderão recusar uma proposta de trabalho a mais de vinte quilómetros da sua habitação, independentemente da idade dos filhos. A actual versão do subsídio de desemprego limita esta possibilidade aos beneficiários com filhos até dezasseis anos. Para os restantes casos, mantem-se a aceitação do emprego a quarenta quilómetros do local de residência. Esta distância será reduzida para vinte quilómetros no caso da beneficiária ou da mulher do beneficiário estar grávida ou no caso do casal ter três ou mais filhos com casos de deficiência. No entanto, continuará a bastar uma recusa de emprego não fundamentada para se perder a acessão ao subsídio. Uma outra alteração refere-se ao alargamento do prazo do requerimento do subsídio para além dos sessenta dias úteis. Situações de doença, licença de maternidade ou cumprimento do serviço militar também permitem o alargamento do prazo. Além disso, este novo projecto irá reduzir a duração da prestação do serviço aos mais jovens, embora se mantenha o valor do subsídio. Esta medida irá propiciar alguma poupança nos cofres da Segurança Social.

terça-feira, outubro 12, 2004

“Corrida de Toupeiras”

Núcleo duro da Soeiro determina sucessor de Carvalhas
Contra todas as expectativas, Carlos Carvalhas anunciou na passada terça-feira a sua renúncia ao cargo de secretário-geral do PCP. Apesar do próprio Carvalhas ter abordado esta hipótese há um ano atrás, nada fazia prever que esta decisão fosse tomada com tanta celeridade e em plena campanha eleitoral pelo PCP Açores.
Pelo que é dado a entender, o culminar do ciclo de Carvalhas (doze anos como secretário-geral) está ainda bem longe de um total esclarecimento. Ao que tudo indica, a divisão dentro do partido está cada vez mais inflamada. De um lado, temos o núcleo duro da rua Soeiro Pereira Gomes e do outro lado da “barricada” as vozes renovadoras do partido.
De facto, e contra a vontade da ala que pretende “rejuvenescer” o PCP, a decisão sobre o sucessor de Carvalhas parece já estar tomada, sendo que o nome mais falado é o de Jerónimo de Sousa. Esta sentença de secretaria, ameaça incendiar o partido dado que o nome de Jerónimo de Sousa é sinónimo de retorno ao passado para uma grande parte dos militantes comunistas, entre os quais se destaca um importante núcleo de presidentes de câmara eleitos pelo PCP no Alentejo.
Imune aos exemplos democráticos de outros partidos, o núcleo duro dos comunistas parece querer silenciar definitivamente todas as vozes dissonantes que pretendiam um estilo de liderança mais aberto em relação à sociedade, no sentido de revigorar o partido. Falta, no entanto, saber se esta ferida não irá causar no futuro uma “infecção” irremediável no seio do PCP com repercussões óbvias no ciclo eleitoral do próximo ano.

Fonte “Expresso”

Belém “is watching you”

Na habitual reunião com o primeiro-ministro, e após o encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Sampaio fez saber que “está atento” às movimentações e decisões tomadas pelo governo.
Tal como se verificou aquando da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República não fez qualquer comentário relativamente ao conteúdo do encontro com Pedro Santana Lopes.
Pelo contrário, o Primeiro-Ministro saiu com ar preocupado devido à mediatização que foi dada ao “caso dos comentários”, acabando por fazer algumas críticas, não só à TVI como também aos militantes do PSD que se manifestaram (caso de Pacheco Pereira, Aníbal Cavaco Silva, Marques Mentes, entre outros), chegando mesmo a dizer: “Todas as pessoas que se pronunciaram estiveram contra a minha indigitação como primeiro-ministro”.

quarta-feira, outubro 06, 2004

Nota de Boas-Vindas

Sejam bem-vindos ao blog "Politicada", um blog que todas as semanas irá proporcionar aos seus leitores notícias sobre política, nomeadamente a política nacional.
Esperamos que o blog cative os seus leitores a todos os níveis, não só pela veracidade das suas notícias, como também pela crítica (positiva) que será feita!