quinta-feira, dezembro 16, 2004

União Europeia de portas entreabertas à Turquia

Ao longo da cimeira de hoje e amanhã em Bruxelas, os dirigentes europeus vão traçar um prazo para o início das negociações de adesão da Turquia à União Europeia (UE).

A Turquia, que há longos anos luta por um lugar nesta comunidade económica e política, vê agora mais perto o seu ansiado objectivo. Após esta reunião, será estabelecida a data que irá dar início aos processos de adesão. Trata-se, contudo, de um longo e complexo percurso devido às opiniões reservadas de alguns estados membros.

Um desses estados é a Áustria que tem as maiores dificuldades em aceitar a adesão. Devido ao facto da Turquia albergar 70 milhões de habitantes de maioria muçulmana, a Áustria exige que a decisão da cimeira siga uma via opcional sob a forma de uma “parceria privilegiada”. Esta ideia é também partilhada por França.

Por outro lado, Recep Erdogan, primeiro-ministro turco, alertou para o facto de que não aceitará nenhuma decisão que não seja a de “adesão plena”.

Quanto ao início das negociações, as opiniões são igualmente divergentes. Por parte da França, os processos inerentes à adesão deveriam apenas ter lugar no fim de 2005. No entanto, a maioria dos estados europeus, assim como a Turquia, defendem que a data deveria ser antecipada para os primeiros meses do próximo ano.

A propósito destas indecisões, e de acordo com o “Público” de hoje, o primeiro-ministro turco afirma: “Nenhum outro país teve de esperar 41 anos à porta da UE. Fizemos tudo o que nos foi pedido, mas os europeus continuam a hesitar. Isto pode ser claramente chamado discriminação”.

Na perspectiva francesa, a situação não será assim tão linear como Erdogan assegura. França lembra o não reconhecimento do Chipre por parte de Ankara, assim como aquilo que considera o genocídio de cerca de 1.5 milhões de arménios conferido ao Império Otomano entre 1915 e 1923.
Fonte: Público

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