quarta-feira, setembro 26, 2012

Sacrifícios para quê?

Há dias assim…
Em que o mundo parece que para.
Em que as horas passam devagar e o sol desaparece para dar lugar à chuva.
Dias há em que os mercados financeiros mudam de cor e começam a penalizar tudo e todos.
Semanas em que Portugal, debaixo de austeridade, sofre os ataques de baterias escondidas, de atacantes emboscados, desconhecidos.
Dias em que um gorila, de fato passado e peito feito, impede um jornalista de fazer informação e cala um jovem estudante que está, talvez com razão(!), insatisfeito com o estado do país.
São dias difíceis de austeridade, de sacrifício sobre o sacrifício. De dor sem queixas; de exigências sem rumo e sem sentido.
A luz ao fundo do túnel, como disse alguém recentemente, não é a da esperança mas antes a do comboio que vem de frente a alta velocidade.
O primeiro-ministro (o Primeiro de todos no país, o chefe de governo) cita Camões esquecendo-se que o tempo dos Descobrimentos faz parte de um passado, infelizmente longínquo.
Há dias em que se acredita que a Justiça é independente, neutra e racional… Dias em que os cidadãos exigem que os responsáveis por esta crise, tão familiar, sejam responsabilizados. Mas serão?
Dias em que os noticiários terminam da mesma forma que começaram.
E é por isso que vale a pena relembrar Camões (e os Descobrimentos). Não porque o primeiro-ministro o citou. Mas porque vale a pena lembrar que noutros tempos, noutras vidas, fomos pioneiros. Soubemos inovar.
“As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados.”
 


Os Lusíadas, I, 1