terça-feira, novembro 02, 2004

O Homem Sem Nome

Pedro Santana Lopes, primeiro-ministro português, é um dos políticos mais mediáticos da actualidade do país.
No entanto, quando atravessa o Atlântico e entra em terras americanas, o estatuto do nosso político pode ficar reduzido ao de um cidadão comum e não identificado.
Foi o que aconteceu durante uma cerimónia de recepção aos dirigentes mundiais presentes na abertura da 59ª sessão da Assembleia-geral da ONU, em Nova Iorque.
Numa fotografia divulgada há semanas pela Associated Press, vê-se, à direita, Pedro Santana Lopes a apertar a mão do homem mais poderoso do mundo, George W. Bush; ao centro o Presidente da Guatemala; e à esquerda, o presidente dos Estados Unidos retribuindo o aperto de mão a Santana e com uma expressão que aparenta dizer: “Mas quem será este?”. Contudo, o problema não fica apenas pela expressão de Bush. A legenda da dita fotografia é, no mínimo assustadora: “O Presidente Bush, com o Presidente da Guatemala Oscar Berger ao centro e uma pessoa não identificada à direita…”.
Pois bem, a pessoa “não identificada” é, nada mais, nada menos do que o primeiro-ministro português que, nem com um cartão pendurado no casaco se salvou do anonimato. Melhor sorte teve o Presidente da Guatemala, devidamente identificado na legenda.
Tal imagem e legenda constituem demonstrações claras e óbvias de um dos assuntos que mais assusta a Europa relativamente aos Estados Unidos, ou seja, a sua profunda ignorância e desconhecimento sobre o mundo que os rodeia. Portugal é, efectivamente, um país pequeno; não conta com bases da NASA nem com poços de petróleo. Todavia, e já que se tratava de uma cerimónia de recepção aos dirigentes mundiais, o jornalista da Associated Press que redigiu a legenda devia, no mínimo, procurar saber quem seria o tal “unidentified man”.
Certamente não teria sido complicado descobrir que o “homem sem nome” era o actual chefe de governo do país que, ainda recentemente, acolheu nos Açores personalidades como Tony Blair, G. W. Bush e José Maria Aznar, numa cimeira onde se resolveram possíveis estratégias para conseguir fazer passar no conselho de Segurança da ONU a polémica resolução referente à guerra no Iraque.





Sem comentários: