quinta-feira, março 03, 2005

Ofensiva das tropas da ONU na República Democrática do Congo: mais de 50 rebeldes congoleses mortos


Missão das Nações Unidas da República Democrática do Congo (MONUC) eliminou, ontem, mais de 50 rebeldes numa ofensiva que teve como objectivo anular forças resistentes ao processo de paz.

A investida militar das forças da ONU em Ituri deu-se na sequência da morte de nove “capacetes azuis” e onze feridos, na passada quinta-feira, pelo grupo rebelde Frente Nacionalista e Integracionista (FNI).

O porta-voz das forças da ONU no Congo, coronel Dominique Demange, citado pela BBC Online, referiu que «morreram pelo menos 50 rebeldes durante a operação militar». Demange afirmou ainda que o ataque «combinou a intervenção de blindados com a utilização de um helicóptero de ataque».

Entrevistado pela Reuters, o chefe da comunidade lendu, Larry Batsi Thewi, afirmou que a MONUC estava «à procura de vingança, e lançou-se contra nós sem verificar exactamente quem é que matou os nove soldados do Bangladesh», mostrando aionda reprovação pela ofensiva - «o nosso povo foi atacado por terra, por carros blindados, e pelo ar. Foram lançadas bombas sobre áreas civis. Muitas pessoas morreram queimadas nas suas casas».

O assalto militar envolveu soldados sul-africanos e paquistaneses tendo ficado dois militares da MONUC feridos, anunciou o gabinete da ONU em Bunia.

As autoridades congolesas democráticas anunciaram a detenção do líder da FNI, Floribert Ndjabu, na passada terça-feira, numa clínica em Kinshasa por suspeita de envolvimento na emboscada.

Do mesmo modo, um antigo comandante militar da FNI e um dirigente das Forças de Resistência Patriótica de Ituri, ambos promovidos em Dezembro a generais do exército nacional, foram detidos, acabando por ficar em prisão domiciliária.

Na República Democrática do Congo, a ONU encontra-se representada por cerca de 16.000 soldados de 50 países com o intuito de assegurarem a transição até à realização de eleições, previstas para este ano.

Num país em que a fome e as doenças são a grande causa de morte os números poderão vir a aumentar, uma vez que como consequência da morte dos “capacetes azuis” a ONU anunciou que iria suspender a ajuda humanitária por falta de segurança.

Os confrontos armados opõem principalmente milícias das tribos hema e lendu, que lutam pelo controlo das terras ricas em recursos naturais.

O acordo de paz assinado em 2002 acabou por não ser cumprido porquanto se seguiram quatro anos de guerra civil, que acabaram por inverter a tentativa de acabar com o conflito, com a fome e com as variadas doenças, típicas de um país subdesenvolvido e com dificuldades a todos os níveis.

Fontes: JN, Lusa e Público

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