A falta de chuva faz com que cerca de 60 por cento do país esteja em situação de seca extrema. A três meses do Verão, cerca de 5600 portugueses já estão com problemas de abastecimento de água, anunciou ontem um grupo de trabalho com entidades de quatro ministérios.
João Avilez, um dos coordenadores do Relatório Quinzenal de Acompanhamento da Seca elaborado pelo INAG afirmou que «a situação na última quinzena agravou-se nos concelhos onde as origens de água não têm capacidade de armazenamento inter anual», conquanto tenha asseverado à Lusa que os «abastecimentos públicos de água não estão em causa».
O abastecimento de água é usualmente feito a partir de pequenas albufeiras ou de captações em zonas onde não há aquíferos com grande capacidade, o que, numa situação de seca como a que se está a passar, facilita a falta de água.
«Em relação a 28 de Fevereiro verificou-se um aumento de cerca de 15 por cento de território afectado por seca extrema», anuncia o relatório divulgado hoje pelo INAG que analisa a situação até 15 de Março. É expresso, ainda, no mesmo documento que todo o litoral português salvo as zonas litorais do baixo Alentejo e do Barlavento Algarvio estão numa situação de «seca extrema».
O documento do INAG expõe que Vinhais (distrito de Bragança), Almeida, Celorico da Beira e Trancoso (Guarda), Sabugal e Mação (Castelo Branco), Mértola, Moimenta da Beira, Odemira e Mértola (Beja) e Sever do Vouga (Aveiro) são os concelhos com carências no abastecimento de água.
A situação de míngua de água fez com que fossem tomadas diligências, de forma a encontrarem-se alternativas e se iniciar campanhas de sensibilização. Estas medidas vêm de encontro ao Programa de Acompanhamento e Mitigação dos Efeitos da Seca de 2005, que aconselha a abertura de novos furos, a reactivação de captações de reserva, o abastecimento por auto-tanque e campanhas de sensibilização para a redução de consumos.
A agricultura é o sector mais afectado pela seca, sendo as culturas mais afectadas a do trigo, do triticale e da cevada, assim como os prados e as pastagens.
As zonas de abeberamento do gado, tais como riachos e poças que em anos de precipitação normal permitem ao gado a sobrevivência, estão igualmente a ficar, igualmente, comprometidas.
O relatório do INAG refere ainda que os caudais em 35 secções de avaliação distribuídas de norte a sul registam valores abaixo da média. O armazenamento de água nas albufeiras corresponde a cerca de 40 a 60 por cento da capacidade de armazenamento nas bacias hidrográficas dos rios Cavado, Ave, Douro, Vouga e Tejo, e entre os 60 e os 80 por cento para os rios Sado, Mondego, Guadiana e Mira.
As albufeiras das bacias hidrográficas dos rios Arade e Lima, com cerca de 15 e 30 por cento, respectivamente, são as que se encontram com algum “défice” no volume de água.
O relatório do Instituto da Água recomenda a adopção de medidas de poupança de água, «nomeadamente com a redução de consumos na rega das culturas e o cultivo de culturas menos consumidoras ou de ciclos curtos» nos sistemas públicos de regadio.
O mesmo estudo indica que para a segunda quinzena de Março deverá manter-se a ausência de precipitação, a diminuição dos caudais na rede hidrográfica, a manutenção da tendência para a descida do nível dos aquíferos e a diminuição do volume de água nas albufeiras.
A confirmar-se a situação de seca, a criação de um subsídio auxiliar por parte do Governo ou da União Europeia para as áreas afectadas seria uma decisão crucial e peremptória.
Sem comentários:
Enviar um comentário