Jornalista italiana ferida esta noite por soldados norte-americanos nos arredores do aeroporto de Bagdad, pouco tempo depois da sua libertação.
A libertação de Sgrena foi anunciada, na tarde de ontem, pela Al-Jazira, após um mês de cativeiro no Iraque.
Aquando do incidente, Giuliana Sgrena viajava numa coluna de automóveis acompanhada de Nicola Ferita, chefe da equipa dos serviços secretos italianos, que utilizou o seu corpo como escudo para proteger a jornalista, acabando por ser atingido, morrendo de imediato.
A jornalista italiana afirmou que não circulavam «com muita velocidade em virtude das circunstâncias. O fogo continuava e o motorista nem chegou a conseguir explicar que éramos italianos».
O marido da corresondente, Pier Scolari, referiu que «os norte-americanos e os italianos tinham sido avisados sobre a passagem do automóvel. Já estavam [a comitiva de Giuliana] a 700 metros do aeroporto, o que quer dizer que já tinham passado todos os controlos», acrescentando que «todo o tiroteio foi seguido em directo pela presidência do Governo (italiano), que estava ao telefone com um dos membros dos serviços secretos, depois os militares norte-americanos confiscaram todos os telefones portáteis».
Ainda não houve qualquer tipo de esclarecimento para o sucedido, uma vez que, até ao momento, há uma única hipótese levantada - engano - conquanto Silvio Berlusconi tenha referido numa conferência que «espera ouvir explicações por parte dos Estados Unidos».
A correspondente italiana foi sequestrada há um mês à saída da universidade de Bagdad, quando fazia um trabalho sobre os refugiados de Falluja, o bastião sunita que em Novembro do passado ano foi alvo de uma operação em larga escala dos marines norte-americanos. Há duas semanas, os seus sequestradores divulgaram um vídeo em que a jornalista pedia a retirada das tropas italianas do Iraque.
Giuliana Sgrena chegou hoje às 09:53 locais (mesma hora de Lisboa) ao aeroporto de Roma-Ciampino, visivelmente cansada, vinda de Bagdad, sendo transportada lodo de seguida, de ambulância, para o hospital militar do Celio.
Como é referido no livro Crónicas de Guerra – da Crimeia a Dachau, de José Rodrigues dos Santos, os correspondentes de guerra são uma «estranha tribo. Vão para onde todos fogem, digladiam-se por um exclusivo, conhecem o rosto da morte, gostam de se considerar uma classe à parte».
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