Cartoon de Rodrigo de Matos |
Permitam-me que comece este texto por traçar uma analogia entre a política nacional e o futebol.
Ainda esta quarta-feira criticava, numa tentativa construtiva, os portugueses que se felicitavam e gozavam com a derrota (pesada!) do FC Porto em Munique para a Liga dos Campeões. O que defendi e defendo é que somos todos portugueses e que, por isso, devemos pôr esse tipo de clubismos de parte. Pelo menos, nestes casos!
Fechado o parênteses, olhemos então para as semelhanças com os políticos nacionais. Comecemos pelo recém-apresentado Cenário Macroeconómico - com medidas incluídas - do Partido Socialista. Terá virtudes - como o objectivo do crescimento; da criação do emprego; do "encher os bolsos" como alguns defendem. Mas terá também defeitos - desde logo a questão de não especificar quanto é que os cofres públicos vão receber para compensar as perdas, garantidas, de receita fiscal de muitas das medidas agora anunciadas. Parece-me óbvio que, mesmo um documento elaborado por especialistas, não é perfeito ou incólume a críticas.
O que não se compreende - e daí a analogia com o futebol - é que estes "clubismos" políticos nunca ou raramente consigam alcançar um consenso alargado. Defendem, por norma, o supremo interesse nacional. Todavia, na prática, percebe-se que esse interesse é o dos partidos e não o do país. Vejamos apenas um exemplo simples (também ele do futebol): a trasladação de Eusébio para o panteão - antes do tempo mínimo previsto na lei - obriga, precisamente, a uma mudança legal. Por este motivo - e não questiono as qualidades da lenda do futebol português - os partidos estão dispostos a um consenso alargado. Contudo, quando se fala de questões mais estruturantes, aí a questão muda de cor e entram os tais "clubismos" em campo.
O governo PSD/CDS também teve/tem aspectos positivos. A começar pela coragem demonstrada em algumas das medidas implementadas; pela luta/tentativa em equilibrar as contas públicas - o que de resto serve de base de partida para este programa socialista agora mais ambicioso e direcionado para o emprego e crescimento económico.
Por que não um consenso alargado a 10, 20 anos em Portugal? Ou até mais? É melhor andarem os políticos a avançar com medidas nuns anos que são depois desfeitas por outros nos anos seguintes? É esse o verdadeiro interesse do país?
No final, será que o país - porque deve ser esse o supremo interesse dos governantes - fica a ganhar?
Será que não é possível encontrar um consenso transversal da Esquerda à Direita? Ou da Direita à Esquerda?
A realidade mostra que não é possível e que, no final, todos perdem!
É caso para dizer: país 0 - políticos 1.
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