Olhemos então para a questão da Natalidade de forma pura e neutral como ela deve ser analisada.
Quando alguém pensa em ser pai ou mãe, fá-lo - acredito eu - de forma racional e em consciência. Isto é, tem em conta a sua situação familiar, profissional, mas também financeira. Não há quem o não faça sem qualquer tipo de expectativas. E é por isso que estar a fomentar a natalidade por decreto não funciona. Por muito bem intencionadas que sejam as medidas propostas por TODOS os partidos políticos, este não é um capítulo que se muda através de um mero clique.
No dia a dia, as famílias fazem contas. Como é que um casal pensa, por exemplo, em ter o primeiro filho se o seu trabalho é precário; se tem um ou ambos os pais, ainda activos, sem trabalho ou em situações financeiras difíceis? Com créditos para pagar? Haverá quem defenda que um filho não depende, apenas, de questões financeiras. É verdade! Mas concordarão comigo no capítulo das contas: há vários anos que os filhos (estou a generalizar) deixaram de ser uma fonte de receita para serem uma fonte de despesa e nem aquela máxima do "onde comem dois comem três ou quatro" se aplica nos dias que correm.
Há colégios, alimentação, saúde, vestuário que são conseguidos como? Com dinheiro! O amor não paga contas. O amor pode servir de gatilho para contribuir para a natalidade. No entanto, enfrenta depois, a dura realidade do dia a dia e, no caso concreto, da situação portuguesa.
Estes três parágrafos servem apenas para tentar explicar que sem uma economia em crescimento; que contribua para a criação de emprego; que permita aos pais ou futuros pais terem tempo de qualidade para passar com os seus filhos; que melhore a expectativa das pessoas; que proporcione rendimentos familiares suficientes para fazer face às despesas e pensarem em ter filhos... Sem estes (e certamente, muitos outros aspectos!), estar a tentar fomentar a Natalidade por decreto é o mesmo que tentar uma inseminação artificial quando a mulher não está no seu período fértil: pode resultar em alguns casos, mas na maioria deles será um falhanço.
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