sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Chissano critica actuação portuguesa em África durante a colonização


Comemoração dos 31 anos da Universidade do Minho marcada por críticas do ex-presidente da República de Moçambique, Joaquim Chissano, a Portugal pelas “atrocidades cometidas ao povo africano”.

A Universidade do Minho atribuiu, ontem, o grau honoris causa em Ciências Políticas e Relações Internacionais a Joaquim Chissano.

O ex-presidente de Moçambique fez um discurso crítico em que referiu que "até hoje, ainda não se prestou uma verdadeira homenagem aos povos africanos, pela contribuição que deram para a acumulação do capital, e ainda não foram apresentadas desculpas oficiais pelas atrocidades cometidas".

Chissano mencionou ainda que "o impacto de relações económicas desvantajosas, em África, fez-se inicialmente sentir com o tráfico de escravos, já praticado pelos árabes e, mais tarde, pelos europeus" e que "o impacto deste negócio ignóbil afectou mais de 50 milhões de pessoas".

Na cerimónia de ontem, também estiveram presentes, o ex-chefe de Estado português, Mário Soares, padrinho apresentante do homenageado e o actual presidente da República, Jorge Sampaio.

Apesar das críticas tecidas por Joaquim Chissano, não houve qualquer reacção por parte dos presentes, tendo Jorge Sampaio abordado temas mais positivos da relação entre os dois países.

Durante a cerimónia, os elogios ao ex-chefe de Estado Moçambicano não tardaram, tendo Jorge Sampaio encorajado Joaquim Chissano a continuar a luta pelo povo. Do mesmo modo, uma comitiva de ilustres presentes lembrou ainda a fuga de Chissano à PIDE em 1961, na qual se misturou com a multidão do arraial de S. João bracarense.

Jorge Sampaio avivou a luta de Joaquim Chissano pela paz, liberdade e democracia, assim como a manutenção das relações entre os dois países (Moçambique e Portugal).

O ex-chefe de Estado de Moçambique asseverou que "para nós, esta universidade tem um significado especial na medida em que a sua formação teve os alicerces no corpo de professores e dirigentes universitários que estiveram ligados à então Universidade de Lourenço Marques, hoje Universidade Eduardo Mondlane”

Fonte: JN

Sem comentários: