domingo, março 27, 2016

Espanholização? Vamos lá ser sérios!

Há coisas que me parecem muito claras: quando não há capital é preciso procurá-lo; quem precisa de capital deve ser exigente mas q.b. porque não está necessariamente nas melhores condições para fazer exigências; a importância/valor desse capital varia em função da geografia?

Dito isto, há uma regra básica no mundo financeiro que é diversificar. E também neste caso, esta regra vale ouro. Mas mais uma vez, q.b.!

Não consigo perceber como é que nas últimas semanas pegou moda o termo "espanholização da banca".  Se o sector - ou parte dele - precisa de capital devemos criar entraves à entrada de mais capital espanhol? Ou chinês? Ou marroquino? Ou... Estará a opinião pública amnésica? Então e os negócios que se fizeram (e bem!) com capitais angolanos e chineses nos últimos anos?

Será que alguém acredita - verdadeiramente - que se por exemplo o Santander comprar o Novo Banco - que está em Portugal - vai defender mais os interesses das empresas espanholas do que portuguesas? Ou dos cidadãos espanhóis em detrimento dos portugueses, mesmo que em território nacional? A sério que é nisso que queremos acreditar? Como é evidente, espanhol ou não, fará os negócios que lhe forem mais rentáveis.

Já agora, gostava que me ajudassem a contar o número de empresas que estão em Portugal e que têm uma maioria de capital nacional? Será que quando fizermos as contas vamos revoltar-nos contra essa realidade porque, mais uma vez, não temos capital nacional suficiente para fazer face às necessidades que se impõem?

Se há assim tanta indignação, que se chegue à frente o capital nacional! Onde é que ele está? Que apareça porque tenho a certeza que será bem-vindo!




sexta-feira, março 18, 2016

Posso cair mas caio de pé

Não vou falar de gestões, direcções, rumos ou da falta deles. Vou centrar-me nas pessoas que fizeram o Diário Económico, salmão e em papel, durante 26 anos. Conheci alguns durante os seis anos em que estive no ETV. Conheci muitos outros que, não tendo trabalhado directamente comigo, tinham o Diário Económico, em papel, no seu percurso profissional. Mais importante: não esqueciam a sua passagem por lá e, muito menos, o facto de ser A referência em Portugal nos jornais económicos.

É estranho, muito estranho, que até ao último dia, que mesmo no último dia, o Diário Económico, papel, seja líder no seu segmento. É o mercado a funcionar. É a lei da oferta e da procura. E em relação a isso não há nada a fazer. Podiam ter sido seguidos outros caminhos, mas essa é outra história.

O que me preocupa é o que farão, a partir de hoje, os jornalistas - enormes na coragem e no empenho - que aguentaram com as próprias mãos o peso dos últimos meses: sem meios, sem salário, sem expectativas, sem vontade, sem nada! Fizeram o que tinham que fazer todos os dias, mesmo quando as mãos começavam a ceder devido ao esforço e ao desgaste. Não desistiram. Perderam esta batalha que, desde o início (sabiam!), era desigual e desleal. Eles sabem-no e eu também!

De nada vale, agora, elogiar estes verdadeiros guerreiros a não ser pelo singelo elogio ou por mero alívio de espírito. Eles merecem estas linhas. Ficam sem emprego, ainda com menos esperanças e continuam sem salários. Fizeram o que tinham de fazer até ao último dia. Foram profissionais até ao último momento.

Há um provérbio português que diz "posso cair mas caio de pé"! Foi o que fizeram...  

Faço minha a vossa manchete: obrigado por tudo aquilo que me ensinaram!

quinta-feira, março 17, 2016

Corrupção? Tchau querida!

O Brasil está a provar ao mundo que tudo é possível. Tem mostrado - e não é o único país a fazê-lo - que, se quisermos, a Corrupção e a Impunidade/Imunidade podem ser filhos do mesmo pai. Ou neste caso da mesma mãe.

A decisão de Dilma Rousseff de nomear Lula da Silva para Chefe da Casa Civil, um cargo de relevo no Brasil, é de uma gravidade intratável. Parece-me óbvio que todos devemos partilhar a máxima de que, até prova em contrário, todos são inocentes. O que não pode acontecer é nomear-se alguém, dando-lhe imunidade, para o livrar da justiça. Pode dizer-se que é injusto mas, mais importante, é intolerável que o chefe de Estado de um país o faça.

As manifestações numerosas do povo brasileiro nas ruas de pouco lhes vale. Liberta-lhes a alma mas Dilma e agora Lula estão reféns do poder. O primeiro não renuncia e o segundo aceita a porta para imunidade que acaba de lhe ser escancarada.

Na prática, Lula, ao aceitar o cargo de chefe da Casa Civil, vai poder ser investigado apenas pelo Supremo Tribunal de Justiça do Brasil. Fica, para já, livre de outras investigações. Ficará livre da crítica da opinião pública? Logo veremos por quanto tempo durará a memória do povo brasileiro.

Infelizmente, já se percebeu que não basta pedir a demissão de Dilma ou gritar "vergonha" e "ladrão" porque no Brasil - como noutros países - a corrupção está em todo o lado: na favela ou no bairro chique.

No filme Wall Street, Michael Douglas, no papel de Gordon Gekko, afirmava que "greed is good, now it seems it's legal". No Brasil parece estar a acontecer o mesmo. Não é apenas a ganância mas principalmente a Corrupção que parece estar a ser legalizada.

Só espero que, tal como disse Lula a Dilma na conversa telefónica agora divulgada, a resposta do Brasil à Corrupção seja: tchau querida!

terça-feira, março 15, 2016

A bicharada agradece

Demorou tempo (demais!) mas Portugal está a evoluir, finalmente, numa área que há muito deveria ter descolado mas que por imposição dos políticas adoptadas ficou a repousar na gaveta.

Daqui em diante - e até que se lembrem de alterar a legislação, as pessoas que tiverem animais e, por conseguinte, despesas com veterinário vão poder deduzir 15% do IVA. Trata-se de uma dedução automática, desde que seja pedida factura com número de contribuinte, até um máximo de 250 euros por agregado familiar. Pode ainda ser pouco, mas vale pelo princípio que defende!

Escusado será dizer que todos os portugueses que têm e amam os seus animais - e já agora, que os tratam com dignidade - ficaram imensamente satisfeitos com esta medida. Não pelo valor da dedução em si mas pelo princípio... porque já lá vai o tempo em que o animal estava preso com uma corrente no pescoço e "servia" apenas para guardar a casa.

Que esta nova legislação sirva também para que mais pessoas que têm animais os tratem com o respeito e carinho que eles merecem: que não se esqueçam deles nas férias ou que não os larguem quando se tornam adultos. Que os tratem como família porque quando os temos é isso mesmo que representam!






sexta-feira, março 11, 2016

Marcelo "O Sorridente"

Não era preciso esperar pela tomada de posse oficial do Presidente Marcelo para saber que o Protocolo, a Segurança e todas as variáveis que rodeiam o Presidente da República de Portugal iam ter de começar, rapidamente, a reformular-se porque tinham um problema em mãos. Ou melhor, não têm problema algum! Este é um Presidente porreiro, que quer estar próximo das pessoas. Não do povo. Percebem a diferença? Para ele só há Pessoas, Portugueses, aqueles que o elegeram e a quem deve também respeito.


Em poucos dias, Marcelo "O Sorridente" conseguiu centrar as atenções de todos: chegou a pé à tomada de posse; escolheu um discurso de união, citando Miguel Torga, e soube - sabe-o fazer melhor do que ninguém - conciliar. Foi isso que simbolizou a cerimónia inter-religiosa "sem precedentes" em que participou - e sobre a qual teve responsabilidades - na Mesquita de Lisboa.No dia seguinte foi ao Porto, num sinal evidente de que o país não é só Lisboa. No Sábado abre as portas do Palácio de Belém para receber os mais curiosos. E vai mesmo estar lá, ou não fosse ele o anfitrião.

Apesar de toda esta liberdade de circulação, Marcelo vai ter de adequar a sua personalidade ao cargo e agenda que agora assume. Terá muitos desafios pela frente e, certamente, decisões difíceis. Antecipar o seu mandato seria um acto de pura adivinhação. Ainda assim, o que fica, para já, é esta imagem de um Presidente que dá quase vontade de convidar para um café matinal para uma pequena conversa sobre as capas dos jornais do dia.

Vai uma bica Sr. Presidente?