domingo, maio 10, 2015

TrAPalhadas

Terminaram os 10 dias de greve dos pilotos da TAP. Ou melhor, terminou a paralisação de ALGUNS dos pilotos. Pode dizer-se que esses ficaram duplamente paralisados: por um lado, porque não voaram e, por outro, porque afinal os efeitos da greve ficaram muito aquém do desejado. Mas não sem antes provocar - como escrevi recentemente - fracturas profundas.

Foi-se a (pouca) confiança na companhia aérea que dificilmente se recupera. E quando o fizerem terá passado tempo. Muito tempo! Um turista francês dizia, naturalmente aborrecido por ficar em terra quando o intuito era o de voar, que "a TAP é deplorável". Este é um dos danos colaterais desta greve: todos são tomados por igual. Dito de outra forma, é como se TODOS - e não é verdade! - tivessem aderido à paralisação. Mas TODOS perdem: a empresa, os trabalhadores e o país.

A segunda maior greve da história dos pilotos da TAP terminou com uma média de 30% de voos cancelados diariamente, o que significa que todos os dias - e em alguns estes números foram superados - realizaram-se mais de 70 por cento dos voos.

O sindicato (SPAC), através do seu presidente, foi o actor principal de um enredo sem história e com momentos de puro terrorismo, como o dos "prejuízos de 30 milhões de euros que infligimos à TAP". Ainda assim, e se é que há algo de positivo nisto, os prejuízos ficaram bem aquém dos 70 milhões inicialmente projectados. Mas repito: provocaram-se fracturas profundas que podem provocar danos também no processo de privatização. No final desta semana, vamos ficar a saber quantas propostas foram entregues ao governo.

Agora, os mesmos pilotos que - e isto são factos - deixaram a TAP num estado de saúde ainda mais crítico, ponderam avançar com nova greve. Estão no seu direito. No entanto, a questão que se deve colocar é racional avançarem com nova paralisação nos tempos de correm, mesmo beneficiando desse direito consagrado na constituição.

Winston Churchill disse a certa altura da sua vida que "fanático é o sujeito que não muda de ideia e não pode mudar de assunto". Será que ainda é possível mudarmos de assunto?

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