A razão pela qual escrevo novamente sobre o processo de sucessão a Carlos Carvalhas no PCP, prende-se com o facto de faltar alguma fundamentação ao meu anterior artigo.
Neste sentido, apercebi-me que o meu ponto de vista era, no essencial, corroborado por respeitados comentadores do nosso universo político nacional.
De facto, José António Saraiva, comentador do Expresso, classifica de “encruzilhada” a situação que o Partido Comunista Português vive actualmente. Para Saraiva, o PCP é um partido do passado – “ainda sonha com o comunismo”, e o seu actual líder Carlos Carvalhas não conseguiu durante o seu mandato adaptar o partido ao nosso tempo – “tornou-se uma matéria para os estudantes de história”, referindo-se à própria doutrina do partido.
Segundo Saraiva, o PCP pertence a um mundo que desapareceu, sendo que lhe parece impossível uma reforma no partido, face às actuais disputas entre “duros e renovadores”. O comentador chega mesmo a dizer que , em caso de vitória, Jerónimo de Sousa vai-se tornar no “ Kaúlza do PCP”, isto é, representará o triunfo dos ultras do partido, a camada mais anti-democrática dos comunistas.
Para finalizar, Saraiva classifica a máquina do partido de “obsoleta”, fazendo lembrar o longínquo tempo da Revolução Industrial.
Posto isto, o comentador termina com uma interrogação em tudo semelhante ao meu anterior artigo –“ como pode o partido aspirar à conquista do futuro?”
quinta-feira, outubro 28, 2004
Esquecimento ou provocação?
Manuela Ferreira Leite, ex-ministra das finanças do governo de Durão Barroso, deve ter ficado atónita com o que lhe aconteceu na passada semana. A “dama de ferro” dos sociais-democratas foi excluída das listas de delegados da secção F de Lisboa ao Congresso do PSD, numa situação, no mínimo, insólita. A causa deste afastamento foi a falta de pagamento da quota respectiva ao mês corrente, situação que irritou profundamente a ex-ministra, cujo nome ficou associado a uma política de rigor orçamental e de controlo do défice – “Fui tratada pelo meu partido como uma ilustre desconhecida”, disse Ferreira Leite ao “Expresso”.
Apesar desta casual vicissitude, o ditado desta vez não se confirmou, e a um azar não se seguiu outro. Neste sentido, Ferreira Leite foi bastante elogiada a nível europeu, nomeadamente pelo rigor financeiro a que submeteu o país, mesmo sabendo que esta opção a podia tornar impopular.
Apesar desta casual vicissitude, o ditado desta vez não se confirmou, e a um azar não se seguiu outro. Neste sentido, Ferreira Leite foi bastante elogiada a nível europeu, nomeadamente pelo rigor financeiro a que submeteu o país, mesmo sabendo que esta opção a podia tornar impopular.
A resposta de Marcelo
As declarações proferidas por Paes do Amaral na passada segunda-feira, aquando da sua ida à Assembleia da República, não se desviaram do que tinha sido previamente afirmado pelo próprio. Paes do Amaral argumentou dizendo que tinha convidado Marcelo Rebelo de Sousa para um jantar de amigos, para poderem discutir as estratégias de comunicação da TVI, negando qualquer associação entre a reunião e as declarações do Ministro dos Assuntos Parlamentares, Rui Silva, negando ainda qualquer tentativa para “amaciar” os comentários do professor.
As declarações do empresário deixaram tudo em aberto para hoje, quarta-feira, dia em que o professor Marcelo Rebelo Sousa iria fazer a sua declaração na Alta Autoridade para a Comunicação Social.
O professor chegou calmo, no entanto, acabou por manifestar o seu desagrado para com as declarações proferidas por Paes do Amaral, visto terem acordado no final da reunião que nada iriam dizer acerca do seu conteúdo, justificando ser do foro privado.
Uma vez que Paes do Amaral quebrou esse “trato”, o professor Marcelo decidiu expressar-se de forma clara. Mencionou que o empresário lhe dera um prazo para repensar a orientação dos seus comentários, e que em forma de achega comparou a televisão à imprensa, expondo que existem diferenças entre ambas, tanto a nível económico como a nível de liberdade. Segundo o professor, Paes do Amaral concluiu dizendo que era impensável em televisão haver uma crítica sistemática ao governo.
As críticas de Marcelo não ficaram por aqui. O professor prosseguiu a sua declaração referindo que a reunião foi feita na ausência do director geral de informação da TVI e pegando no tema do princípio do contraditório, terminou dizendo que o primeiro-ministro Santana Lopes efectuara comentários num canal de televisão não tendo o contraditório, da mesma forma que o Ministro dos Assuntos Parlamentares, Rui Silva.
Parece haver uma tendência para as empresas portuguesas se encostarem ao governo quando estão “aflitas”, o que não quer dizer que seja uma obrigação.
Quem sai a perder com tudo isto é Paes do Amaral, que como empresário e presidente da TVI deixa no ar um “cheiro a esturro”, podendo mesmo perder alguma da sua credibilidade enquanto empresário. Pelo contrário, Marcelo Rebelo de Sousa sai como “mártir da liberdade de expressão".
As declarações do empresário deixaram tudo em aberto para hoje, quarta-feira, dia em que o professor Marcelo Rebelo Sousa iria fazer a sua declaração na Alta Autoridade para a Comunicação Social.
O professor chegou calmo, no entanto, acabou por manifestar o seu desagrado para com as declarações proferidas por Paes do Amaral, visto terem acordado no final da reunião que nada iriam dizer acerca do seu conteúdo, justificando ser do foro privado.
Uma vez que Paes do Amaral quebrou esse “trato”, o professor Marcelo decidiu expressar-se de forma clara. Mencionou que o empresário lhe dera um prazo para repensar a orientação dos seus comentários, e que em forma de achega comparou a televisão à imprensa, expondo que existem diferenças entre ambas, tanto a nível económico como a nível de liberdade. Segundo o professor, Paes do Amaral concluiu dizendo que era impensável em televisão haver uma crítica sistemática ao governo.
As críticas de Marcelo não ficaram por aqui. O professor prosseguiu a sua declaração referindo que a reunião foi feita na ausência do director geral de informação da TVI e pegando no tema do princípio do contraditório, terminou dizendo que o primeiro-ministro Santana Lopes efectuara comentários num canal de televisão não tendo o contraditório, da mesma forma que o Ministro dos Assuntos Parlamentares, Rui Silva.
Parece haver uma tendência para as empresas portuguesas se encostarem ao governo quando estão “aflitas”, o que não quer dizer que seja uma obrigação.
Quem sai a perder com tudo isto é Paes do Amaral, que como empresário e presidente da TVI deixa no ar um “cheiro a esturro”, podendo mesmo perder alguma da sua credibilidade enquanto empresário. Pelo contrário, Marcelo Rebelo de Sousa sai como “mártir da liberdade de expressão".
terça-feira, outubro 26, 2004
Novo Subsídio de Desemprego
O novo subsídio de desemprego, delineado por Bagão Félix, será aprovado em breve em Conselho de Ministros.
Uma das alterações diz respeito às condições em que o desempregado pode ou não recusar o emprego. Conforme o novo plano, os desempregados beneficiários do subsídio com três ou mais filhos poderão recusar uma proposta de trabalho a mais de vinte quilómetros da sua habitação, independentemente da idade dos filhos. A actual versão do subsídio de desemprego limita esta possibilidade aos beneficiários com filhos até dezasseis anos. Para os restantes casos, mantem-se a aceitação do emprego a quarenta quilómetros do local de residência. Esta distância será reduzida para vinte quilómetros no caso da beneficiária ou da mulher do beneficiário estar grávida ou no caso do casal ter três ou mais filhos com casos de deficiência. No entanto, continuará a bastar uma recusa de emprego não fundamentada para se perder a acessão ao subsídio. Uma outra alteração refere-se ao alargamento do prazo do requerimento do subsídio para além dos sessenta dias úteis. Situações de doença, licença de maternidade ou cumprimento do serviço militar também permitem o alargamento do prazo. Além disso, este novo projecto irá reduzir a duração da prestação do serviço aos mais jovens, embora se mantenha o valor do subsídio. Esta medida irá propiciar alguma poupança nos cofres da Segurança Social.
terça-feira, outubro 12, 2004
“Corrida de Toupeiras”
Núcleo duro da Soeiro determina sucessor de Carvalhas
Contra todas as expectativas, Carlos Carvalhas anunciou na passada terça-feira a sua renúncia ao cargo de secretário-geral do PCP. Apesar do próprio Carvalhas ter abordado esta hipótese há um ano atrás, nada fazia prever que esta decisão fosse tomada com tanta celeridade e em plena campanha eleitoral pelo PCP Açores.
Pelo que é dado a entender, o culminar do ciclo de Carvalhas (doze anos como secretário-geral) está ainda bem longe de um total esclarecimento. Ao que tudo indica, a divisão dentro do partido está cada vez mais inflamada. De um lado, temos o núcleo duro da rua Soeiro Pereira Gomes e do outro lado da “barricada” as vozes renovadoras do partido.
De facto, e contra a vontade da ala que pretende “rejuvenescer” o PCP, a decisão sobre o sucessor de Carvalhas parece já estar tomada, sendo que o nome mais falado é o de Jerónimo de Sousa. Esta sentença de secretaria, ameaça incendiar o partido dado que o nome de Jerónimo de Sousa é sinónimo de retorno ao passado para uma grande parte dos militantes comunistas, entre os quais se destaca um importante núcleo de presidentes de câmara eleitos pelo PCP no Alentejo.
Imune aos exemplos democráticos de outros partidos, o núcleo duro dos comunistas parece querer silenciar definitivamente todas as vozes dissonantes que pretendiam um estilo de liderança mais aberto em relação à sociedade, no sentido de revigorar o partido. Falta, no entanto, saber se esta ferida não irá causar no futuro uma “infecção” irremediável no seio do PCP com repercussões óbvias no ciclo eleitoral do próximo ano.
Fonte “Expresso”
Fonte “Expresso”
Belém “is watching you”
Na habitual reunião com o primeiro-ministro, e após o encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Sampaio fez saber que “está atento” às movimentações e decisões tomadas pelo governo.
Tal como se verificou aquando da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República não fez qualquer comentário relativamente ao conteúdo do encontro com Pedro Santana Lopes.
Pelo contrário, o Primeiro-Ministro saiu com ar preocupado devido à mediatização que foi dada ao “caso dos comentários”, acabando por fazer algumas críticas, não só à TVI como também aos militantes do PSD que se manifestaram (caso de Pacheco Pereira, Aníbal Cavaco Silva, Marques Mentes, entre outros), chegando mesmo a dizer: “Todas as pessoas que se pronunciaram estiveram contra a minha indigitação como primeiro-ministro”.
Tal como se verificou aquando da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República não fez qualquer comentário relativamente ao conteúdo do encontro com Pedro Santana Lopes.
Pelo contrário, o Primeiro-Ministro saiu com ar preocupado devido à mediatização que foi dada ao “caso dos comentários”, acabando por fazer algumas críticas, não só à TVI como também aos militantes do PSD que se manifestaram (caso de Pacheco Pereira, Aníbal Cavaco Silva, Marques Mentes, entre outros), chegando mesmo a dizer: “Todas as pessoas que se pronunciaram estiveram contra a minha indigitação como primeiro-ministro”.
quarta-feira, outubro 06, 2004
Nota de Boas-Vindas
Sejam bem-vindos ao blog "Politicada", um blog que todas as semanas irá proporcionar aos seus leitores notícias sobre política, nomeadamente a política nacional.
Esperamos que o blog cative os seus leitores a todos os níveis, não só pela veracidade das suas notícias, como também pela crítica (positiva) que será feita!
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