terça-feira, abril 19, 2016

Newton à rasca com o BPI

A Terceira Lei de Newton explica bem aquilo que vai ser este muito provável episódio da telenovela Portugal-Angola, BPI-Isabel dos Santos, e todas as outras possíveis/prováveis situações que aparecerem no futuro mais próximo. Ou seja, o que Newton explica nesta lei é que cada acção gera uma reacção. E neste ponto ninguém deve ter dúvidas.

Isabel dos Santos tem razão quando acusa o Governo português de aprovar um decreto-lei que é "deliberadamente parcial". Tem razão, mas não toda. Senão vejamos: o que está em causa é a chamada desblindagem de estatutos da banca, que nesta fase se aplica directamente ao caso BPI. Na prática, o que acontece nestes casos em que há "blindagem" é que um accionista pode ter uma posição de 20% numa instituição, enquanto os seus direitos de voto correspondem a apenas 6%. O que a desblindagem faz é acabar com esta deslealdade/desigualdade. Basta lembrar que a família Espírito Santos, que detinha 3% do capital do BES, controlava totalmente o banco!

O que a empresária angolana e qualquer pessoa com o mínimo de raciocínio facilmente percebe é que este decreto-lei foi delineado para o caso das negociações entre o Caixabank e Isabel dos Santos darem pro torto. Foi o que, aparentemente, aconteceu! E é então que, à boa maneira de um jogo de sueca, se apresenta o trunfo que estava guardado para o final. Mas será que este é mesmo o último trunfo a ser colocado na mesa?

A questão para mil milhões de dólares, neste caso, é saber-se quem vai sair por cima em todo este processo. Se o caminho for o das desavenças, ambos os países e empresas a eles associadas saem a perder! Aqui também não há dúvidas. Não é preciso relembrar as centenas de milhar de portugueses e empresas nacionais que encontraram trabalho em Angola nos últimos anos. E já agora, que fizeram muito dinheiro com isso! É igualmente escusado lembrar as participações que a empresária, que é também filha do Presidente de Angola, tem em empresas portuguesas.

O que me inquieta, no entanto, é a resposta à seguinte questão: teria este decreto-lei - em banho maria supostamente há algum tempo - sido aprovado se a economia angolana não estivesse a passar por um período de crise profunda, turbulência social e política e de desconfiança externa?




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