Os resultados globais das eleições autárquicas de hoje, segundo as projecções avançadas pelas principais televisões nacionais, demonstram, inequivocamente, o perpetuar de alguns mandatos pré-históricos que, obviamente, nada têm a ver com o conceito anteriormente referido.
A eleição dos velhos “dinossauros” que pontificam nas autarquias de Braga, Gondomar e Oeiras, entre outras, atesta a manutenção de um “status quo” governativo, em minha opinião, verdadeiramente inquietante.
A sabedoria popular diz-nos que o Poder acaba por corromper o indivíduo, especialmente com o passar dos anos e respectivos mandatos. Sem querer entrar pelo fatalismo desmedido do senso comum, é um facto que a manutenção de um cargo político durante um número indefinido de mandatos cria vícios latentes. Posto isto, e para o bem-estar das referidas instituições do poder local, é vital a injecção de “sangue novo”, fundamental para que se garanta uma relação de respeito mútuo entre a autoridade local e os cidadãos, laço que tende a ser desvitalizado com o avançar dos anos.
Políticos como Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras e Isaltino Morais são um bom exemplo deste apego assustador em relação ao todo badalado Poder. Sem querer abordar as considerações de âmbito legal sobre a gestão financeira de alguns dos municípios dirigidos pelos referidos “dinossauros”, sobre os quais as instituições judiciais oportunamente se pronunciarão, poder-se-á dizer que estas eleições decorreram numa esfera pouco ética. A ética é a ciência da moral; partindo deste princípio dir-se-á, com toda a legitimidade, que a suspeita de actos ilícitos durante a administração camarária impõe, em nome do respeito pelas instituições democráticas, a suspensão de toda e qualquer actividade política, até que o poder judicial se pronuncie sobre a questão. É certo que a política não se deve misturar com a justiça, no entanto, o mais distraído dos eleitores pode e deve questionar-se sobre esta questão ética e moral.
Mais do que qualquer consideração de âmbito meramente partidário, os resultados destas eleições autárquicas mostram que os eleitores têm uma confiança cega nos respectivos presidentes de câmara, mesmo quando estes se encontram sob a alçada da justiça. Será que a presunção de inocência até trânsito em julgado justifica os resultados do escrutínio?
Seria sem dúvida positivo que se reflectisse sobre esta questão que, volto a dizer, é acima de tudo ética e moral.
2 comentários:
Subscrevo inteiramente o seu artigo.Quanto ao sangue novo,espero ve-lo a si a curto prazo(jovem de 20 anos)a substituir essa cambada de dinossauros.
Faço minhas as tuas palavras meu irmão. É preciso sangue novo a governar este país.Só te esqueceste de referir o Dinaussauro que mais perto de nós está, o nosso conterrâneo Mesquita Machado. Mais uma vez o povo bracarense demonstrou a sua completa apatia. Quem sabe nas próximas eleições. "Qui ça?"
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