O caso da senhora muçulmana, cujo descanso ao sol numa praia de Nice foi interrompido pela polícia, só não revolta quem não consegue pensar acima da religião - de uma qualquer! - e aqueles que não percebem o que faz de nós Humanos e do local que habitamos a Humanidade.
A religião, assim como um arrufo amoroso, o futebol ou qualquer outro tema são usados, muitas vezes, como gatilho para as maiores atrocidades que jamais poderíamos imaginar. Infelizmente, nos últimos anos, grupos de extremistas aproveitaram uma religião, o Islão, para fundamentarem o seu fundamentalismo. Mas já houve massacres no passado onde os seus autores eram de outras religiões ou simplesmente ateus.
O mais grave são os julgamentos que se fazem. São as generalizações que convertem "alguns" no "todo". Tornamo-nos tanto ou mais fundamentalistas do que aqueles que abominamos! Somos influenciados por guerras, paralelas às dos verdadeiros terroristas, que nos toldam a visão e o pensamento.
Em Portugal, no Portugal rural que muitos de nós amam e de onde muitos são oriundos - eu incluído - há burkinis há décadas. E de gente católica, imagine-se a blasfémia! A minha, e provavelmente muitas das nossas nossas avós, usaram/usam lenços pretos a tapar a cabeça e as vestes, igualmente pretas, a taparem o resto do corpo. Das poucas vezes que soube da ida das minhas avós à praia, em nenhuma delas houve lugar para biquini ou fato de banho porque isso sim era blasfémia. Era mostrar partes proibidas do corpo. Dir-me-ão: "hoje já mal se vêem essas senhoras". É verdade, mas existiram e continuam a existir. Isso faz delas terroristas? Ameaças? Deve a GNR dessas regiões rurais obrigá-las a tirar o lenço e as vestes estranhas quando vão à missa ao domingo? Irão elas, modestas senhoras, preparar algum atentado? Ou quando vão à feira? E se quiserem ir à praia com a roupa vestida?
O caso da senhora muçulmana de Nice revoltou e tem - mesmo! - de revoltar porque quem não se sente não é filho de boa gente. Ou então tem memória curta e altamente selectiva.
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