sexta-feira, junho 24, 2016

London has fallen

A vitória do Brexit levanta muitas incertezas num reino onde Sua Majestade vai ter de defender com unhas e dentes a sua bandeira. O resultado do referendo para a saída da União Europeia representa, em primeira análise, uma separação formal do principal parceiro comercial dos britânicos. Depois há a questão da volatilidade que hoje está elevada, que se espera que assim continue nos próximos dias, mas que ninguém sabe ao certo o resultado final! Há até quem acredite que pode haver uma suspensão do mercado de capitais.

Em números redondos, e segundo as estimativas do governo britânico, o Brexit terá um custo para o PIB do país entre os 3,8 e os 7,5% até 2030. Os críticos dizem que os números serão, eventualmente, muito superiores. Um outro aspecto importante diz respeito à circulação de cidadãos da UE, até agora bastante simples. Actualmente, são cerca de 1,2 milhões os britânicos a viverem noutros países da União, enquanto no Reino Unido há cerca de três milhões de estrangeiros. Será o futuro mais burocrático e complicado a este nível? Muito provavelmente. E as multinacionais inglesas como é que ficam?

Mas voltemos à Rainha e à sua bandeira ou castelo. Aqui reside um outro aspecto essencial para o futuro do Reino Unido. O nacionalismo inglês veio, uma vez mais, ao de cima beneficiando também das dificuldades económico-financeiras que têm atingido a Europa e que têm levado a que noutros países esses mesmos nacionalismos tenham ganho força nos últimos tempos. O que importa saber é como é que Inglaterra vai segurar os Escoceses - que querem estar na UE e ser, simultaneamente, um país independente - ou os habitantes da Irlanda do Norte. E já agora, o impacto que a independência destes dois teria no PIB inglês...

No futuro mais próximo, será interessante ver, por exemplo, que impacto é que a decisão do Brexit terá nos EUA, a braços com eleições presidenciais e com um candidato chamado Donald Trump que tem assumido (alguns) argumentos idênticos aos que defenderam os que votaram na saída da União Europeia. Ainda na Europa, regiões com Barcelona, entre outras, poderão voltar à carga, mais uma vez com os nacionalismos à cabeça, para tentarem a sua independência.

OS NÚMEROS

O dia está a ser caótico: a libra tocou mínimos de 30 anos; o ouro, activo de refúgio em tempos de incerteza, está em máximos de dois anos; as bolsas afundam, algumas delas com perdas que chegam aos dois dígitos; a anca inglesa está a ser muito fustigada; o Reino Unido pode agora perder o precioso rating AAA, segundo a S&P. O governador do Banco de Inglaterra garante estar disponível para injectar 240 mil milhões de libras na Economia.

A incerteza é a palavra de ordem num cenário onde a única certeza é que nada será como dantes!

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