terça-feira, maio 31, 2016

Estórias de embalar

De um país pequeno, pobre e endividado esperar-se-ia que os grandes objectivos fossem a recuperação da saúde financeira da Economia, empresas e famílias incluídas. Pois dessa forma seria possível dar mais qualidade de vida a quem dela apenas tem défice. Ao invés, o tempo e o dinheiro dos contribuintes continuam a ser gastos para lá das possibilidades - Sim! enquanto uns apertam o cinto, os sucessivos Governos continuam a acumular dívida e a levantar cada vez mais o queixo para vislumbrarem o topo do défice que vai oscilando ao sabor das diferentes ideologias sem nunca descer para níveis saudáveis. Pormenores... num problema que é crónico em Portugal.

Grave é que se continuem a ignorar pobres, paupérrimos, desgraçados e outros que por aí divagam e não têm voz. Discutem-se escolhas de escolas esquecendo um problema básico: que muitas crianças continuam a ir para os locais de ensino com o estômago a dar horas! Que outras nem vão porque falta dinheiro para a sobrevivência básica. Regredimos mas preferimos olhar para o outro lado.

No parlamento, discutem-se escolaridades obrigatórias para toureiros; trocam-se galhardetes e, do que realmente importa, fala-se pouco porque não dá o soundbyte desejado para os meios de comunicação social. Em vez de se discutir as causas dos problemas da banca, por exemplo, cospem-se acusações sobre quem é que deixou cair a instituição. Bad bank? Desculpem mas temos é Bad Bankers!

Da evolução económica, o discurso é transversal: confiança e melhoria mesmo sabendo-se que uma décima acima ou abaixo representa zero na economia real e, portanto, na vida do comum dos mortais. Não se estimula o investimento, o crescimento das empresas e, consequentemente, o emprego... Os nossos parceiros europeus olham para nós como o eterno elemento dos PIG - Portugal, Ireland and Greece - num à rasca constante e com o coração nas mãos, sem saberem quando é que vão ter de chegar-se à frente para apoiarem novamente o país.

A questão é transversal. Repito: transversal. Não é deste ou doutro partido! Usam-se dinheiros públicos SEMPRE para o mesmo: obras que, muitas vezes, não têm outra função que não o mero embelezamento. Basta olhar à volta e perceber que a chegada da Primavera trouxe muitos destes investimentos públicos.

Deixemo-nos de "coisinhas". À nossa volta, o desemprego na Alemanha está ao nível mais baixo desde a reunificação; nos EUA o consumo está em máximos de 20 anos! E andamos nós a fazer rotundas? Ou a plantar árvores junto ao aeroporto num projecto que é, no mínimo, cómico (e não sou eu que o digo. São os entendidos do urbanismo). Basta resolver o seguinte cálculo: aviões + pássaros = queda.

Pergunta final: por que é que nos impõem austeridade que, já percebemos, não resolve a situação? Porque sem austeridade a situação, já de si complexa, seria pior! É por isso que todas as histórias com que nos alimentam são apenas Estórias de embalar: simpáticas, agradáveis mas pouco eficazes e falaciosas.

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