De um país pequeno, pobre e endividado esperar-se-ia que os grandes objectivos fossem a recuperação da saúde financeira da Economia, empresas e famílias incluídas. Pois dessa forma seria possível dar mais qualidade de vida a quem dela apenas tem défice. Ao invés, o tempo e o dinheiro dos contribuintes continuam a ser gastos para lá das possibilidades - Sim! enquanto uns apertam o cinto, os sucessivos Governos continuam a acumular dívida e a levantar cada vez mais o queixo para vislumbrarem o topo do défice que vai oscilando ao sabor das diferentes ideologias sem nunca descer para níveis saudáveis. Pormenores... num problema que é crónico em Portugal.
Grave é que se continuem a ignorar pobres, paupérrimos, desgraçados e outros que por aí divagam e não têm voz. Discutem-se escolhas de escolas esquecendo um problema básico: que muitas crianças continuam a ir para os locais de ensino com o estômago a dar horas! Que outras nem vão porque falta dinheiro para a sobrevivência básica. Regredimos mas preferimos olhar para o outro lado.
No parlamento, discutem-se escolaridades obrigatórias para toureiros; trocam-se galhardetes e, do que realmente importa, fala-se pouco porque não dá o soundbyte desejado para os meios de comunicação social. Em vez de se discutir as causas dos problemas da banca, por exemplo, cospem-se acusações sobre quem é que deixou cair a instituição. Bad bank? Desculpem mas temos é Bad Bankers!
Da evolução económica, o discurso é transversal: confiança e melhoria mesmo sabendo-se que uma décima acima ou abaixo representa zero na economia real e, portanto, na vida do comum dos mortais. Não se estimula o investimento, o crescimento das empresas e, consequentemente, o emprego... Os nossos parceiros europeus olham para nós como o eterno elemento dos PIG - Portugal, Ireland and Greece - num à rasca constante e com o coração nas mãos, sem saberem quando é que vão ter de chegar-se à frente para apoiarem novamente o país.
A questão é transversal. Repito: transversal. Não é deste ou doutro partido! Usam-se dinheiros públicos SEMPRE para o mesmo: obras que, muitas vezes, não têm outra função que não o mero embelezamento. Basta olhar à volta e perceber que a chegada da Primavera trouxe muitos destes investimentos públicos.
Deixemo-nos de "coisinhas". À nossa volta, o desemprego na Alemanha está ao nível mais baixo desde a reunificação; nos EUA o consumo está em máximos de 20 anos! E andamos nós a fazer rotundas? Ou a plantar árvores junto ao aeroporto num projecto que é, no mínimo, cómico (e não sou eu que o digo. São os entendidos do urbanismo). Basta resolver o seguinte cálculo: aviões + pássaros = queda.
Pergunta final: por que é que nos impõem austeridade que, já percebemos, não resolve a situação? Porque sem austeridade a situação, já de si complexa, seria pior! É por isso que todas as histórias com que nos alimentam são apenas Estórias de embalar: simpáticas, agradáveis mas pouco eficazes e falaciosas.
terça-feira, maio 31, 2016
domingo, maio 01, 2016
Se Senna fosse um gajo normal...
Escrever sobre Ayrton Senna - embora possa parecer exagerado - custa tanto como escrever sobre o meu pai. Foi e é o meu ídolo! Não apenas dentro de pista, onde era extremamente combativo e um perfeccionista como nunca vi, como também fora dela, onde o Homem conseguia superar o piloto: ajudou - ainda em vida e depois através da Fundação Ayrton Senna - milhares de crianças pobres brasileiras a terem educação gratuita.
Assumir alguém como um ídolo - mesmo aos 32 anos - pode parecer exagerado. Mas hoje, mais do que nunca, partilho muitos dos ideais que Senna partilhava, especialmente nos anos 80 e 90 do século passado: luta, persistência, perfeccionismo e bondade. Se houve alguém que na minha opinião esteve perto da perfeição foi Ayrton Senna.
Passaram 32 anos! Lembro-me perfeitamente do dia como se fosse hoje. Tenho hoje praticamente a idade que Senna tinha aquando da sua morte. Senti a sua partida - ainda sinto hoje - como se de de alguém muito próximo se tratasse. Tive a felicidade de o ver ao vivo - no Estoril - e a tristeza de nunca o ter conhecido pessoalmente. Visto uma das suas t-shirts - a duplo S - com o mesmo orgulho com que ele a envergava.
Este texto, por ser tão pessoal, é naturalmente tendencioso. Mesmo assim, não há como não sentir - mesmo que 22 anos depois - a morte de alguém que fazia muita falta ao mundo do automobilismo e, principalmente, ao Brasil! Tal como na altura em que Senna começou a vencer corridas, o Brasil está novamente em crise! Hoje tem menos uma pessoa, de referência mundial, que lute pelos verdadeiros interesses do país.
Há 22 anos que o mundo está (muito!) mais pobre.
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