A história volta a ser redundante. Um banco, à rasca, é intervencionado. Ou melhor, faz uma cirurgia, sobrevive, é vendido, mas os custos da operação são os contribuintes que asseguram! Ninguém lhes perguntou se estavam disponíveis para isso ou o que é que pensavam sobre a situação. Foi-lhes dito - foi-nos dito! - que havia risco sistémico.
A factura será paga ao longo dos anos sendo que os activos problemáticos - os resíduos que ninguém com bom senso quer - ficam na posse dos contribuintes. No entanto, há um aspecto que interessa analisar: a (falta de) responsabilização dos vários intervenientes em todos estes casos. Há a gestão/administração da instituição; os reguladores - Banco de Portugal e CMVM; os governos e também as autoridades europeias, ou seja, o BCE. E o problema reside aqui. Os vários elementos desta equação guardam o segredo, que é a situação débil do banco, e quando já não há nada a fazer divulgam esse segredo.
No Banif, além da nacionalização parcial, protelou-se a venda ou o futuro sustentável do banco. Esperou-se que o tempo tratasse do assunto. Todavia, o tempo mostrou que não havia solução fácil para a instituição que acabou por perder centenas de milhões de euros quando os depositantes começaram a ver que onde havia fumo havia mesmo fogo. E mais uma vez - à semelhança do que aconteceu com o BES - o governo avançou quando o BCE avisou que ia fechar a torneira.
A crise, já o escrevi, justifica muita coisa. Mas não tudo! É preciso apurar-se responsabilidades. E para isso não bastam as comissões parlamentares de inquérito. É preciso que a justiça actue. Pelo meio, é preciso ver se não haverá mais bancos a precisarem de ajuda. Se esse for o cenário, então já conhecemos a receita que foi bem explicada por um outro banqueiro a respeito dos impostos em Portugal: o contribuinte? Ai aguenta aguenta!
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