
Os atentados de 13 de Novembro em Paris deixaram a descoberto várias histórias que têm em comum o terrorismo, mas também a sobrevivência, a coragem e a memória que vencem o medo mesmo quando os tempos são de incerteza.
O filme “Crash”, de 2004, retratou bem a questão do preconceito e do racismo, mas mais importante, relembrou-nos que há histórias que estão inter-relacionadas.
Quis o destino que, depois da polémica mundial do ‘dieselgate’ a envolver a Volkswagen, o tema diesel fosse novamente notícia mas por causas bem mais nobres. A Diesel desta história fica, infelizmente, associada aos atentados de 13 de Novembro em Paris. Foi abatida a sangue-frio cinco dias depois, na zona de Saint-Denis, durante uma operação policial que evitou não só um novo atentado como terá servido para eliminar o cérebro da carnificina. A sua coragem fez com que, de uma mega operação e de altíssimo risco, resultassem, apenas, cinco polícias feridos. A Diesel, um dos cães-polícia utilizados pelas autoridades francesas, detectou os explosivos que preenchiam um apartamento. Morreu a fazer aquilo para que foi treinada: detectar explosivos e salvar vidas humanas. Tinha sete anos, era um pastor belga, e conseguiu terminar a sua missão com a dignidade que lhe foi permitida. A França e o mundo não a esqueceram! O hashtag #JeSuisChien foi criado em sua homenagem e foi o segundo mais utilizado, no Twitter, no mesmo dia em que foi abatida.

A história de Hélène cruza-se com uma outra, a de um menino com cerca de três anos que está com o pai junto a um dos vários locais de homenagem às vítimas de Paris. O momento é captado por uma estação televisiva. O jovem diz ao pai que têm de procurar outra casa porque há “mauzões” que matam as pessoas com armas. E mais uma vez, a resposta do pai é surpreendente ao explicar que a sua casa é em França e que as armas combatem-se com flores, as mesmas que relembram as vítimas.
As carnificinas como a de Paris têm um aspecto que, apesar da frieza indescritível dos eventos, é muito positivo: une as pessoas e revela-lhes que há muitas histórias que se cruzam sem que isso fosse premeditado.
