Já se percebeu que as legislativas deste ano vão ser acompanhadas massivamente - e com todo o sentido literal - de um circo mediático. E este "circo" não se aplica apenas a este episódio. São cada vez mais comuns "directos" e "reportagens" deste género. Será que em tempo de crise vale quase tudo? Parece-me mais do que evidente que o tipo de notícias e a forma como muitas vezes são retratados os casos confirmam a tendência sensacionalista da cobertura. Basta olhar para a última noite e para os directos que decorreram à (nova) porta de José Sócrates.
Pelo que vi, não se disse nada de novo. Repetiu-se, até à exaustão, o processo; as decisões, o que aí pode vir. Até aí tudo bem! Mas o momento "tcharam" da noite estava reservado para o rapaz de entregas da Telepizza que chegou com uma encomenda. Não sabia para quem e isso também não se lhe exigia. O que se seguiu foi um momento de puro jornalismo CULINÁRIO: perguntaram - sim, os jornalistas que lá estavam (ou pelo menos um deles)! - quais os componentes da dita pizza. O que se seguiu foi simplesmente indescritível.
O momento jornalístico terminou com outra bela notícia: o rapaz das pizzas não pôde entregar a encomenda porque não trazia cartão do cidadão e a polícia que guarda a porta de Sócrates não permitiu que entrasse.
Não sei se as audiências - que são o oxigénio económico-financeiro dos meios - corresponderam ao nível jornalístico deste evento específico. Espero que não. Mas "cheira-me" que vamos ter mais momentos extra queijo no próximo mês.
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