O que têm o BPN e um poço de petróleo em comum? Num primeiro olhar pode dizer-se que nada. Se analisarmos a venda do banco em pormenor percebemos que há relação.
Vamos por partes. Nos últimos três anos, o Estado português, após a nacionalização, decidiu injectar 2,4 mil milhões de Euros (pelo menos são os números conhecidos até agora, mas podem aumentar se forem consideradas as perdas provocadas pelos "activos tóxicos" que ficaram para o Estado). E porquê?
Explicou o Governo de então que o objectivo era salvar o banco para evitar o "efeito de contágio" e consequente falência; para preservar os depósitos dos clientes, assim como os 1580 postos de trabalho.
Agora, e depois de uma espécie de peditório internacional... o novo Governo lá conseguiu arranjar quem ficasse com a instituição cuja histórias provoca, ainda hoje, urticária a quem a conhece.
E é aqui que aparecem as semelhanças com o poço de petróleo... Daqueles conhecidos como "poços de injecção". Ou seja, quando os poços começam a ficar esgotados, as empresas responsáveis pela extracção começam a injectar água nos mesmos para aumentar a pressão e consequentemente facilitar a saída da matéria-prima.
Se olharmos com atenção é isso mesmo que o Governo português tem estado a fazer, embora com uma "água" de alta qualidade e custo.
O retorno deste investimento seria difícil de se obter. Já se sabia! Mas pelo menos esperava-se que o montante da venda tivesse algum impacto. Não teve. Foi vendido por 40 milhões de Euros ao BIC, banco luso-angolano como o seu presidente gosta de frisar. E com razão!
Mas a verdade é que na fase final do negócio o BIC não estava sozinho. Na corrida estavam ainda o Montepio e o NEI, um grupo de empresários nacionais. É precisamente este último grupo que está a provocar a tal urticária em toda a história.
A Secretária de Estado do Tesouro fez questão de reforçar esta semana, na Assembleia da República, que as "outras" propostas não iam de encontro aos objectivos do Governo. Mas esqueceu-se de um pormenor. Falou apenas na primeira proposta do NEI que oferecia 106,4 milhões de euros pelo banco. O problema é que só pagava cinco milhões este ano e o restante valor nos próximos seis.
Visto desta forma, e sem conhecimento de toda a história, parecia uma proposta pouco atractiva. No entanto, agora o NEI revelou uma outra proposta, de mais de 120 milhões, e que previa o pagamento ainda este ano de 20 milhões de euros.
É caso para dizer que alguém se esqueceu de ligar o motor da máquina que iria injectar a água no dito poço...
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