sexta-feira, março 13, 2009

Há dias assim…

Há dias em que me levanto

sem saber o que fazer,

sem perceber por que o faço.

São dias comuns em que,

entre o início e o final do dia,

fico metido num espaço

cheio de pessoas,

vazio de sentimentos…

Ou melhor, há uma imensidão de corpos vazios

de cabeças que não pensam

e, quando parecem fazê-lo, mostram, uma vez mais (vezes demais!!),

que não sabem o que fazem.

No ar, o cheiro a medo, a ignorância. O autoritarismo.

Fazes o que te mandam, não te deixam levar avante aquilo que sugeres.

Fazes como os outros, numa hábito de imitação,

estranho entre humanos… Habitual entre babuínos.


Há dias assim…


Em que estamos chateados porque queremos saber a que cheiram as nuvens

e não conseguimos saber.

Em que queremos saber qual o sabor do pensamento e o aroma da terra…

Há dias em que penso que não deveria pensar,

deveria resignar-me porque é mais fácil,

menos penoso, mais saudável … pelo menos para quem cuja mente, limitada,

é comodista e atormentada.

Há dias, outros, em que acordo e quero mudar o mundo,

quero ser diferente da maioria,

mostrar que, afinal, ser forte de espírito não é mau,

mesmo pondo em causa o autoritarismo, as regras impostas,

os comodismos dispostos, as preguiças há muito trabalhadas…

Há dias em que consigo fazer tudo isto,

tornar-me um nefelibata real,

superar as incongruências da vida, do mundo,

superar-me, tornar-me um ser melhor…

E é neste momento que deixa de importar

o cheiro das nuvens,

o sabor do pensamento ou o aroma da terra.

O importante é que são dias, passam uns atrás dos outros.

Nunca páram. Têm uma sequência (ao que parece lógica).

São infinitos!


Há dias assim…


Em que não conseguindo superar os meus receios,

em que mesmo que não ultrapasse as minhas limitações,

consigo colocar na escrita algo que, não sendo infinito,

É meu!


Os dias são mesmo assim…

Sem comentários: