O mundo respirou de alívio ontem quando, finalmente, o jornalista britânico da BBC, Alan Johnston, foi libertado. Johnston esteve 114 dias em cativeiro sem saber se voltaria a sair da “prisão” que lhe fora imposta. O rapto do repórter fez lembrar muitos outros casos, infelizmente, menos bem sucedidos. Importa retirar algumas conclusões deste caso em particular, nomeadamente no papel que teve o Hamas.
Alan Johnston foi bem tratado, se tivermos em conta que se fala de um rapto numa zona muito sensível do mundo. Das 16 semanas em que esteve desaparecido apenas por uma vez exerceram alguma violência sobre ele.
O avanço do Hamas em Gaza e a consequente tomada do território à Fatah marcou a viragem na história deste rapto. Pode dizer-se que o Hamas na sua ofensiva não foi tão eficiente quanto eficaz. Houve violência, feridos e mortos; prédios destruídos e todas aquelas imagens a que aquela zona do globo já nos habituou. Mas o Hamas conseguiu, de facto, impor alguma segurança, respeito e calmaria depois de duas semanas mais conturbadas. Cercou o bairro de Sabra, na faixa de Gaza, e “apertou” o clã Dogmush ao qual pertence o Exército do Islão. Na prática, colocaram a região em estado de sítio: ruas fechadas e muita vigilância nos telhados das casas. O Hamas, através do líder militar Ahmad Jabari, conseguiu marcar um encontro com o chefe do Exército do Islão, Mumtaz Dogmush, para discutirem a libertação do jornalista. A conversa foi produtiva e a aprovação para a libertação de Johnston saiu. Quando se apercebeu já Johnston estava em casa de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, na presença de diplomatas britânicos e do próprio líder palestiniano. Há um outro aspecto importante no meio de todo este enredo. O Hamas anunciou, há já alguns dias, que os estrangeiros e os jornalistas são bem-vindos na região e que todos aqueles que atentarem contra a sua segurança ou bem-estar serão condenados.
Representará este acto o redimir do Hamas e o possível reencontro com a paz e a organização? Estará o Hamas disposto a abdicar dos sucessivos ataques contra Israel e, por outro lado, estará Israel a ponderar dar mais credibilidade ao movimento? Uma coisa é certa. O Hamas teve o seu mérito neste episódio e, sem sombra para dúvida, conseguiu mostrar uma outra face, mais humana e que, certamente, influenciou tanto a opinião pública como também – e esta é muito importante – o estado Israelita.
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