Esta é uma reportagem com relatos interessantes de quem viveu directamente, na frente de ataque, a Guerra Colonial em Angola.
O texto é do jornalista João Vaz e retirado do site do Correio da Manhã, hoje 5 de Junho de 2007.
“Os combates eram duros e muito feios”, recorda Libânio Pontes Miquelina, alferes na 105 do Batalhão de Caçadores 96, o primeiro a entrar em Nambuangongo, no Norte de Angola, ao fim da tarde de 9 de Agosto de 1961. Com o êxito da ‘Operação Viriato’, a primeira de grande dimensão nas campanhas de África, acabou-se com o ‘santuário da UPA’, onde os independentistas se consideravam inexpugnáveis, apesar de alguns aviões da Força Aérea Portuguesa irem de vez enquanto lá despejar uma bombas.
A partir de um morro rodeado de matas diabólicas, com as picadas que lá conduziam obstruídas por árvores e muitas valas, a UPA lançava ataques a povoações próximas e mantinha sob ameaça cidades mais distantes como Carmona, Ambriz e mesmo Luanda. Para o comando militar português destruir a base tornou-se decisivo e não teve dúvidas em montar uma operação de envergadura.
Por três itinerários diferentes, outras tantas forças militares receberam ordens para chegar a Nambuangongo. O Batalhão de Caçadores 114 comandado pelo tenente-coronel Henrique de Oliveira Rodrigues foi o único que não conseguiu lá chegar. E o 96, do tenente-coronel Armando Maçanita o primeiro a atingir o objectivo, tendo à frente a Companhia 103 dos alferes Santana Pereira, já falecido, e Casimiro, que veio a morrer em campanha.
Libânio Miquelina, que se estreara em fogo a sério no 10 de Junho de 1961 com o ataque à Pedra Verde, era um dos alferes da Companhia 105 que se previa ser a primeira a chegar Nambuangongo.
“Ficámos um pouco para trás por causa de um avião Drossard, atingido por uns tiros inimigos e que, vendo a localidade ocupada por militares, decidiu aterrar na rua central de Muxaluando, a uns 20 km de Nambuangongo”, conta Libânio Miquelina, alentejano de Grândola com quatro comissões em África, sendo três em Angola e a última 1971-73 em Moçambique, onde comandou uma unidade de morteiros.
Rumo a Nambuangongo, numa ofensiva que durou mais de 20 dias de intensos combates, as dificuldades começaram numa ponte sobre o Dange, a cem km do objectivo.
“Quando chegámos à zona tivemos de intervir rápido porque descobrimos que eles estavam a tentar destruir a única ponte existente”, conta o alferes da 105. “Eles faziam grandes fogueiras com muitas árvores e ramos sobre o tabuleiro e depois baldeavam água por cima para estalarem com o cimento através do efeito da diferença de temperaturas. Foi um ataque difícil porque eles já tinham metralhadoras automáticas, além de canhangulos e bazucas, enquanto no Exército português as melhores ferramentas para cavar os abrigos eram as baionetas das espingardas Mauser. Deixei lá dois mortos e muitos feridos.”
Os ataques inimigos aconteciam de dia e de noite, ao meio-dia e ao meio da tarde, mas nunca chegaram ao corpo a corpo de que às vezes se fala.
“Os guerrilheiros tinham uma segunda vaga armada de catanas para nos atacarem, caso nos derrotassem ou fugíssemos, mas na minha companhia travámo-lhes sempre as intenções. Além das metralhadoras, o canhangulo é que era a mais temível arma deles. Aquilo disparava uma carga com pregos e pedras que levava tudo à frente, enquanto uma bala fazia só um buraquinho a entrar e um maior à saída.”
A tomada de Nambuangongo constituiu uma viragem na guerra. Com a mobilização de meios militares, a segurança das populações foi sendo reposta. A Companhia 105 ficou oito meses a controlar a zona.
COMANDANTE DA REGIÃO MILITAR MORRE EM QUEDA DE AVIÃO
A adaptação da chefia militar à nova situação em Angola concretizou-se com a nomeação efectiva a 1 de Junho de 1961 do general Carlos Manuel Lopes da Silva Freire para comandante da Região Militar de Angola em substituição do general Monteiro Libório, em funções desde Setembro de 1959.
Enquanto ao antecessor coubera sobretudo a tomada de medidas preventivas contra a subversão independentista, que já se adivinhava, a Silva Freire coube o papel de comandante das operações de guerra.
Militares desse tempo lembram que “era apresentado como o melhor general que Salazar tinha”. Em Angola, tomou a iniciativa na acção militar e a ele se devem as directivas que conduziram à tomada de Nambuangongo e, de um modo geral, ao controlo de toda a região Norte abalada pelos massacres da UPA. Ficou famosa uma ‘directiva para a época das chuvas’, desmistificadora na medida em que apontava para um incremento das acções militares numa estação considerada inadequada para as operações em zonas já se si intransitáveis por causa de árvores abatidas e valas.
O tempo de comando de Silva Freire foi, porém, curto. Após pouco mais de cinco meses, em 1.º de Novembro de 1961 morreu devido à queda do avião em que viajava juntamente com quase todo o seu Estado-Maior. Na lista dos 18 mortos no desastre no Chitado estão também um brigadeiro, quatro tenentes-coronéis, dois majores e dois capitães.
COMBATENTES
O HOMEM QUE CHEGOU A NAMBUANGONGO
Armando Maçanita, à frente do Batalhão de Caçadores 96, ganhou lugar de destaque na galeria dos heróis: comandou com êxito a primeira grande acção militar da Guerra de África – a ‘Operação Viriato’, entre 10 de Julho e 9 de Agosto de 1961, com o objectivo de conquistar a vila de Nambuangongo, no Norte de Angola, em poder dos guerrilheiros da UPA. Armando Maçanita faleceu em 2006
O COMANDANTE DO PELOTÃO DE ENGENHARIA
O Batalhão de Caçadores 96, na marcha de Luanda para Nambuangongo, encontrou obstáculos naturais difíceis de imaginar. Valeu o pelotão de Engenharia, comandado pelo alferes Jorge Jardim Gonçalves: construiu jangadas e removeu árvores de grande porte para erguer pontes sobre vales dos rios. “Se não fosse o alferes Gonçalves, não sei se teria chegado a Nambuangongo”, dirá o coronel Maçanita. Jardim ganhou uma Cruz de Guerra.
GOLPES DE MÃO NA GUINÉ E EM MOÇAMBIQUE
Carlos Matos Gomes, Comando oriundo de Cavalaria, é dos oficiais com mais experiência de combate – e carrega no corpo algumas marcas da guerra. Participou nas mais duras operações militares – entre elas, duas das mais míticas: a ‘Nó Górdio’, em Moçambique, que acabou por ficar aquém dos resultados esperados; e a ‘Ametista Real’, na Guiné, que consistiu na destruição de uma base da guerrilha no território do Senegal.
O OFICIAL 'COMANDO' DAS CINCO MISSÕES
Jaime Neves, oficial de Infantaria, cumpriu cinco comissões – uma na Índia e quatro em África. Em Angola, começou como comandante de Caçadores Especiais e integrou em 1965 a 2.ª Companhia de Comandos com missões alargadas a Moçambique. Foi promovido a major em 1972 ao assumir o comando do Batalhão de Comandos. Em 1974 foi lá buscar a Companhia 2045 e esteve à frente do Regimento da Amadora de 1974 a 1981.
FUTURO HISTORIADOR EMBARCOU À FRENTE
António Pires Nunes devia seguir com a sua companhia de Artilharia no primeiro embarque para África, a bordo do ‘Niassa’ a 21 de Abril de 61. Foi desviado para a guarnição militar do cargueiro ‘Benguela’ que transportava uma enorme quantidade de material de guerra. Chegou a Luanda a 6 de Maio e seguiu para a frente de guerra na região Norte. Fez mais três comissões antes de se tornar no historiador militar das campanhas em Angola.
NOTAS
AJUDA AS FAZENDAS
Os fazendeiros do Norte de Angola, atacados pelos guerrilheiros da UPA, em 1961, foram ajudados por um generoso grupo de civis de Luanda proprietários de pequenos aviões – que formaram a Esquadrilha de Voluntários do Ar (EVA). Descolavam da capital e levavam aos colonos sitiados mantimentos, medicamentos e armas. Regressavam a Luanda com refugiados.
VOLUNTÁRIOS DO AR
A Esquadrilha de Voluntários do Ar (EVA) foi fundada, em Angola, por Rui de Freitas, Carlos Monteiro, Afonso Vicente Raposo, Carlos Mendes, Jaime Lopes, Rui Manaças, Mário Dias e Pereira Caldas. Cada um fez centenas de horas de voo – em socorro dos colonos do Norte. Voavam muitas vezes em condições difíceis e aterravam nas picadas lamacentas.
SUBSCRIÇÃO PÚBLICA
As notícias dos esforços dos pilotos da EVA chegam à Metrópole. Os aviões não eram suficientes. Não havia aparelhos de reserva para substituir os que eram obrigados a parar para operações de manutenção dos motores. A Emissora Nacional e a RTP lançam então uma subscrição pública – e o dinheiro recolhido deu para comprar cinco aviões Auster.
FORÇA AÉREA
Meses depois da Esquadrilha dos Voluntários do Ar entrar em acção, o Governo criou por decreto a Força Aérea Voluntária (FAV), que passou a fazer a organização militar de Angola e para onde transitaram os pilotos da EVA. Passaram a cumprir missões estritamente militares. Quando se deu a independência, em 1975, estes pilotos tinham o posto de tenente.
'BALA NÃO MATA'
Os guerrilheiros da UPA, no Norte de Angola, emboscavam as tropas e, por vezes, atacavam em hordas, às centenas: enfrentavam as balas de peito aberto, armados de catanas, paus e canhangulos, alguns aos gritos de “bala não mata”. Os militares estavam mal armados: dispunham de poucas armas automáticas, apenas de velhas espingardas Mauser de repetição.
CABEÇAS CORTADAS
Os guerrilheiros, nestes primeiros meses de guerra, acreditavam na ressurreição: mesmo que fossem mortalmente atingidos voltavam a viver – só morriam se lhes fosse amputada parte importante do corpo. Os militares receberam ordens para decapitarem os cadáveres e espetarem a cabeça em estacas – para provar aos vivos que morriam se atacassem os portugueses.
O texto é do jornalista João Vaz e retirado do site do Correio da Manhã, hoje 5 de Junho de 2007.
“Os combates eram duros e muito feios”, recorda Libânio Pontes Miquelina, alferes na 105 do Batalhão de Caçadores 96, o primeiro a entrar em Nambuangongo, no Norte de Angola, ao fim da tarde de 9 de Agosto de 1961. Com o êxito da ‘Operação Viriato’, a primeira de grande dimensão nas campanhas de África, acabou-se com o ‘santuário da UPA’, onde os independentistas se consideravam inexpugnáveis, apesar de alguns aviões da Força Aérea Portuguesa irem de vez enquanto lá despejar uma bombas.
A partir de um morro rodeado de matas diabólicas, com as picadas que lá conduziam obstruídas por árvores e muitas valas, a UPA lançava ataques a povoações próximas e mantinha sob ameaça cidades mais distantes como Carmona, Ambriz e mesmo Luanda. Para o comando militar português destruir a base tornou-se decisivo e não teve dúvidas em montar uma operação de envergadura.
Por três itinerários diferentes, outras tantas forças militares receberam ordens para chegar a Nambuangongo. O Batalhão de Caçadores 114 comandado pelo tenente-coronel Henrique de Oliveira Rodrigues foi o único que não conseguiu lá chegar. E o 96, do tenente-coronel Armando Maçanita o primeiro a atingir o objectivo, tendo à frente a Companhia 103 dos alferes Santana Pereira, já falecido, e Casimiro, que veio a morrer em campanha.
Libânio Miquelina, que se estreara em fogo a sério no 10 de Junho de 1961 com o ataque à Pedra Verde, era um dos alferes da Companhia 105 que se previa ser a primeira a chegar Nambuangongo.
“Ficámos um pouco para trás por causa de um avião Drossard, atingido por uns tiros inimigos e que, vendo a localidade ocupada por militares, decidiu aterrar na rua central de Muxaluando, a uns 20 km de Nambuangongo”, conta Libânio Miquelina, alentejano de Grândola com quatro comissões em África, sendo três em Angola e a última 1971-73 em Moçambique, onde comandou uma unidade de morteiros.
Rumo a Nambuangongo, numa ofensiva que durou mais de 20 dias de intensos combates, as dificuldades começaram numa ponte sobre o Dange, a cem km do objectivo.
“Quando chegámos à zona tivemos de intervir rápido porque descobrimos que eles estavam a tentar destruir a única ponte existente”, conta o alferes da 105. “Eles faziam grandes fogueiras com muitas árvores e ramos sobre o tabuleiro e depois baldeavam água por cima para estalarem com o cimento através do efeito da diferença de temperaturas. Foi um ataque difícil porque eles já tinham metralhadoras automáticas, além de canhangulos e bazucas, enquanto no Exército português as melhores ferramentas para cavar os abrigos eram as baionetas das espingardas Mauser. Deixei lá dois mortos e muitos feridos.”
Os ataques inimigos aconteciam de dia e de noite, ao meio-dia e ao meio da tarde, mas nunca chegaram ao corpo a corpo de que às vezes se fala.
“Os guerrilheiros tinham uma segunda vaga armada de catanas para nos atacarem, caso nos derrotassem ou fugíssemos, mas na minha companhia travámo-lhes sempre as intenções. Além das metralhadoras, o canhangulo é que era a mais temível arma deles. Aquilo disparava uma carga com pregos e pedras que levava tudo à frente, enquanto uma bala fazia só um buraquinho a entrar e um maior à saída.”
A tomada de Nambuangongo constituiu uma viragem na guerra. Com a mobilização de meios militares, a segurança das populações foi sendo reposta. A Companhia 105 ficou oito meses a controlar a zona.
COMANDANTE DA REGIÃO MILITAR MORRE EM QUEDA DE AVIÃO
A adaptação da chefia militar à nova situação em Angola concretizou-se com a nomeação efectiva a 1 de Junho de 1961 do general Carlos Manuel Lopes da Silva Freire para comandante da Região Militar de Angola em substituição do general Monteiro Libório, em funções desde Setembro de 1959.
Enquanto ao antecessor coubera sobretudo a tomada de medidas preventivas contra a subversão independentista, que já se adivinhava, a Silva Freire coube o papel de comandante das operações de guerra.
Militares desse tempo lembram que “era apresentado como o melhor general que Salazar tinha”. Em Angola, tomou a iniciativa na acção militar e a ele se devem as directivas que conduziram à tomada de Nambuangongo e, de um modo geral, ao controlo de toda a região Norte abalada pelos massacres da UPA. Ficou famosa uma ‘directiva para a época das chuvas’, desmistificadora na medida em que apontava para um incremento das acções militares numa estação considerada inadequada para as operações em zonas já se si intransitáveis por causa de árvores abatidas e valas.
O tempo de comando de Silva Freire foi, porém, curto. Após pouco mais de cinco meses, em 1.º de Novembro de 1961 morreu devido à queda do avião em que viajava juntamente com quase todo o seu Estado-Maior. Na lista dos 18 mortos no desastre no Chitado estão também um brigadeiro, quatro tenentes-coronéis, dois majores e dois capitães.
COMBATENTES
O HOMEM QUE CHEGOU A NAMBUANGONGO
Armando Maçanita, à frente do Batalhão de Caçadores 96, ganhou lugar de destaque na galeria dos heróis: comandou com êxito a primeira grande acção militar da Guerra de África – a ‘Operação Viriato’, entre 10 de Julho e 9 de Agosto de 1961, com o objectivo de conquistar a vila de Nambuangongo, no Norte de Angola, em poder dos guerrilheiros da UPA. Armando Maçanita faleceu em 2006
O COMANDANTE DO PELOTÃO DE ENGENHARIA
O Batalhão de Caçadores 96, na marcha de Luanda para Nambuangongo, encontrou obstáculos naturais difíceis de imaginar. Valeu o pelotão de Engenharia, comandado pelo alferes Jorge Jardim Gonçalves: construiu jangadas e removeu árvores de grande porte para erguer pontes sobre vales dos rios. “Se não fosse o alferes Gonçalves, não sei se teria chegado a Nambuangongo”, dirá o coronel Maçanita. Jardim ganhou uma Cruz de Guerra.
GOLPES DE MÃO NA GUINÉ E EM MOÇAMBIQUE
Carlos Matos Gomes, Comando oriundo de Cavalaria, é dos oficiais com mais experiência de combate – e carrega no corpo algumas marcas da guerra. Participou nas mais duras operações militares – entre elas, duas das mais míticas: a ‘Nó Górdio’, em Moçambique, que acabou por ficar aquém dos resultados esperados; e a ‘Ametista Real’, na Guiné, que consistiu na destruição de uma base da guerrilha no território do Senegal.
O OFICIAL 'COMANDO' DAS CINCO MISSÕES
Jaime Neves, oficial de Infantaria, cumpriu cinco comissões – uma na Índia e quatro em África. Em Angola, começou como comandante de Caçadores Especiais e integrou em 1965 a 2.ª Companhia de Comandos com missões alargadas a Moçambique. Foi promovido a major em 1972 ao assumir o comando do Batalhão de Comandos. Em 1974 foi lá buscar a Companhia 2045 e esteve à frente do Regimento da Amadora de 1974 a 1981.
FUTURO HISTORIADOR EMBARCOU À FRENTE
António Pires Nunes devia seguir com a sua companhia de Artilharia no primeiro embarque para África, a bordo do ‘Niassa’ a 21 de Abril de 61. Foi desviado para a guarnição militar do cargueiro ‘Benguela’ que transportava uma enorme quantidade de material de guerra. Chegou a Luanda a 6 de Maio e seguiu para a frente de guerra na região Norte. Fez mais três comissões antes de se tornar no historiador militar das campanhas em Angola.
NOTAS
AJUDA AS FAZENDAS
Os fazendeiros do Norte de Angola, atacados pelos guerrilheiros da UPA, em 1961, foram ajudados por um generoso grupo de civis de Luanda proprietários de pequenos aviões – que formaram a Esquadrilha de Voluntários do Ar (EVA). Descolavam da capital e levavam aos colonos sitiados mantimentos, medicamentos e armas. Regressavam a Luanda com refugiados.
VOLUNTÁRIOS DO AR
A Esquadrilha de Voluntários do Ar (EVA) foi fundada, em Angola, por Rui de Freitas, Carlos Monteiro, Afonso Vicente Raposo, Carlos Mendes, Jaime Lopes, Rui Manaças, Mário Dias e Pereira Caldas. Cada um fez centenas de horas de voo – em socorro dos colonos do Norte. Voavam muitas vezes em condições difíceis e aterravam nas picadas lamacentas.
SUBSCRIÇÃO PÚBLICA
As notícias dos esforços dos pilotos da EVA chegam à Metrópole. Os aviões não eram suficientes. Não havia aparelhos de reserva para substituir os que eram obrigados a parar para operações de manutenção dos motores. A Emissora Nacional e a RTP lançam então uma subscrição pública – e o dinheiro recolhido deu para comprar cinco aviões Auster.
FORÇA AÉREA
Meses depois da Esquadrilha dos Voluntários do Ar entrar em acção, o Governo criou por decreto a Força Aérea Voluntária (FAV), que passou a fazer a organização militar de Angola e para onde transitaram os pilotos da EVA. Passaram a cumprir missões estritamente militares. Quando se deu a independência, em 1975, estes pilotos tinham o posto de tenente.
'BALA NÃO MATA'
Os guerrilheiros da UPA, no Norte de Angola, emboscavam as tropas e, por vezes, atacavam em hordas, às centenas: enfrentavam as balas de peito aberto, armados de catanas, paus e canhangulos, alguns aos gritos de “bala não mata”. Os militares estavam mal armados: dispunham de poucas armas automáticas, apenas de velhas espingardas Mauser de repetição.
CABEÇAS CORTADAS
Os guerrilheiros, nestes primeiros meses de guerra, acreditavam na ressurreição: mesmo que fossem mortalmente atingidos voltavam a viver – só morriam se lhes fosse amputada parte importante do corpo. Os militares receberam ordens para decapitarem os cadáveres e espetarem a cabeça em estacas – para provar aos vivos que morriam se atacassem os portugueses.
15 comentários:
Olá a todos
a razão porque estou a fazer este comentário , não bem para comentar... eu estou a escrever um guião para um filme sobre a guerra colonial, a história do guião é centrada numa mulher que vai para angola atrás de noticias do seu marido desaparecido hà meses em combate ,durante essa viagem tem a companhia de um cabo com quem vai desenvolver uma grande amizade leva mensagens de saudades das familias para alguns soldados. O objectivo humilde deste guião é mostrar os dois lados da guerra, o de terror pelo qual alguns de vós passaram e que deve ser relembrado, mas também um lado mais leve, mais humano das relações de amizade que ali se formaram.como disse no inicio esta história é um romance , não pretende ser um documentário mas de qualquer forma há questões cronológicas que gostava de esclarecer se alguém estiver interessado em me dar essa ajuda eu ficava muito agradecida o meu contacto é : filipa.poppe@gmail.com
Estas estórias na 1ª pessoa nem sempre são rigorosas, porque cada um viu aquilo que lhe interessava, ou diz veer aquilo que lhe interessa agora.
O senhor "alferes" Miquelina entendeu como importante salientar que o Bat Caç 114 não tinha atingido o objectivo,(Nambuangongo), o que é verdade, mas tambem diz que nunca houve luta corpo a corpo o que não é verdade. Será verdade que ele, Miquelina, nunca entrou nesse tipo de combate, mas outros o tiveram e de que maneira.
Na primeira pessoa afirmo que a Operação Viriato com o objectivo da ocupação de Nambuangongo não foi tão simples como a pinta o senhor alferes Miquelina.
Quem pretender saber mais alguma coisa visite o meu blog
"http://noca-wwwcc115.blogspot.com/
onde estou a produzir alguns textos sobre o assunto.
VALHOR disse:
Senhor "ex-Alferes" Miquelina!!
Puxar a brasa só para junto da nossa sardinha não é jogo legal.
Ninguém tira o mérito ao BC96 por ter chegado em primeiro lugar a Nambuangongo.
Se, por itinerários diferentes, três "competidores" partirem com o mesmo objectivo e se um deles chega em primeiro lugar ou é o melhor ou não teve tantos percalços pelo caminho.
Como sabe,e estou convencido que sabe, em Anapasso, a Ponte sobre o rio Lifune, itinerário da BC 114, estava completamente destruída o que pesou na rápida progressão do Batalhão.
Logo que foi ultrapassado o 1º. grande obstáculo, o Bat. progrediu em direcção ao objectivo e a minha Companhia "115" foi emboscada em Quanda-Maúa, quando se deslocava em direcção a Quicabo. O meu pelotão que seguia na testa da coluna, sofreu 6 mortos e 14 feridos, veja Sr. "ex-Alferes" o que ficou a restar de um pelotão. Houve luta corpo-a-corpo. O meu ANGRC-9 (eu era radiotelegrafista) ficou INOP com 2 tiros no emissor. O adversário (IN) havia concentrado ali o seu poderio humano, o qual foi completamente aniquilado.
Convidava o Senhor a ler o Livro da História da CCaç.116 ou então a trocar algumas impressões acerca deste assunto com os (hoje)Senhores Oficiais Generais que pertenceram ao "114".
Afirmar "secamente" que o BC 114 foi o único que não conseguiu lá chegar (Namb.),a meu ver, não lhe fica bem.
O que foi dito, não tira o mérito ao "lendário" BC 96. Contesto sim a maneira como belisca o trabalho do BC 114.
MVHorta - ex.1º. Cabo Radioteleg.
Olá a todos,
Gostava de saber se alguem conheceu este militar?
CARLOS APARÍCIO DE OLIVEIRA
Posto: 1.º Cabo
Arma: EXÉRCITO
Pais da morte: Angola
Quartel: RI 2 (CCaç103/BCç 96)
Residência: Casais de Revelhos (Abrantes)
Dia da Morte: 01-02-1962
Causa morte: Combate
Cumprimentos,
Pedro David
peminada@gmail.com
Pois bem, o que posso concluir é "que guerra de merda", isso mesmo meus amigos. António fascista Salazar, homenzinho ultra conservador que por sua vez era ditador dum paizinho perdido a beira mar ou a beira do precipício, disse a boca cheia "para Angola já e em força" sabem para quê?
Para defender única e exclusivamente os interesses dos Sr.s feudais da altura, como os Champalimaud, os Melos, os Espirito Santo ou os Quina.
Com isto,milhares de jovens portugueses partiram para o ultramar obrigados,uns para perder a vida, outros para voltarem estropiados e paranoicos,outros para voltarem fodidos com odio de morte aos pretos turras(a prova disso è o racismo que existe em Portugal nos dias de hoje, que passou de pai para filho e de avô para neto), outros tantos para voltarem com vontade de numca terem saido, pois Africa abriu a mente e o espirito a muitos destes jovens, habituados a repressão e controlados pela doutrina Salazaristas.
Quanto aos Angolanos independentistas,tenham sido eles os intelectuais, os revolucionários, os minimamente instruídos ou o simples guerrilheiro matuense turra, todos eles para mim são heróis, MESMO HERÓIS, queriam simplesmente o que era seu por direito, INDEPENDÊNCIA.
Portugal hoje é uma nação completamente abandalhada, sem ordem sem respeito nem educação, mesmo sendo um Portugal livre com o 1 de Abril de 1974, desculpem 25 de
Abril de 1974, é e continuará a ser reflexo do seu passado não tão distante, uma MERDA.
E por sua vez, todas as suas ex colónias são também politicamente nações de merda, observem o caso do Brasil e Angola, países riquíssimos e cheios de miséria...
Gostava de um dia ver um mundo sem guerras, era fantástico...o meu nome é César Becker sou sou filho de pais angolanos, nasci em Portugal e amo o meu país.
Senhores, por mais que uma visão mais ampla do processo histórico de descolonização responsabilize Portugal tanto pela colonização quanto pela cruel defesa de seus privilégios na África, para os soldados que lá lutaram criou-se uma realidade factual que não pode ser desprezada. Mesmo que a guerra pelo lado português tenha sido ilegitima e de agressão, os soldados que lá lutaram criaram para si, na limitação da análise factual, um conceito de heroísmo e bravura. Discordo do César quanto ao seu julgamento sobre Portugal. Um país que teve a altivez de derrotar uma ditadura facista através de um movimento surgido das próprias fileiras militares tem muito do que se orgulhar. Portugal, assim como todos os demais países, só podem ser comparados consigo mesmo para chegar a uma avaliação de avanço ou retrocesso. A Revolução dos Cravos, para mim, é um belo exemplo de bravura com equlibrio. Os portugueses não podem atribuir a si apenas a culpa por estarem num patamar de desenvolvimento e organização abaixo de muitos países europeus. O processo histórico reservou essa herança a Portugal. O desafio, agora, é arregaçar as mangas e buscar os avanços necessários.
Xavierptcanoas@gmail.com
Para quem quiser visitar:
http://osfantasmasdosongo.blogspot.com/
A guerra de Angola foi-se deve-se ,no meu entender , tentar esquece-la.
Enquanto havia carne para canhão fez- se guerra , depois dos kekes terem que marchar e lá morrer deu-se ( deus seja louvado ) O 25 DE ABRIL , Só quando morrem os capitalistas é que se para tudo até nas revoluções.
já ia outra revolução....
a guera foi neçessária porque tinha muito angolano branco só que todos tiveram que regreçar a portugal o 25 de abril foi feito por primarios e burros nao escapa ninguem deixaram portugal muito pequeno e sem nada olhem para os congos que sao independentes a mais de 55 anos e toda a africa os caras querem todos mandar e nao pode sao uns paises rico o que a que adianta se eles nao se conformam e ai só os policos ficam ricos e o povo na miséria teem muito que estudar e fui
a guerra de angola nem foi guerra para os angolanos nós portugueses estavamos a lutar quase contra o mundo inteiro e aguantamos 14 anos e se nao fosse o pcp e as crianças do 25 de abril que nem sabiam o que estvam fazendo tanto é que deu no que deu e nós portugueses ficamos com aquilo que mereçamos agora sim podem entregar tudo para a espanha de novo porque portugal foi roubado da espanha mandem o pcp portugues iram com uma corda no pescosso como foi egas monis esse pcp nao é digno de portugal nós lutamos por aquilo que era nosso o pcp a que nao queria e ainda deveria ser se tivessemos muitos jaime neves e claro muitos outros mas nao como costa gomes foi e será sempre um traidor portugues e sabem que ele gostava de umas pedrinhas que eram tiradas de angola e lhe eram entregues pela pide anotem isso na historia que foi verdade sempre tivemos bons portugueses mas tambem muito traidor
pois bem eu velhote tenho que escrever para esses vermelhos claro nao benfiquistas para esse partido pcp só tem estrangeiros o tempo que eu vivi em portugal eles nunca estiveram em portugal só iam lá para matar soldados que estam de sentinela e assaltar bancos como foi na fegueira da foz mas a pide foi buscar todo todos maus portugueses aguantem agora os bichos
Portugal racista? O exemplo vem do próprio comentário.Racismo existe em todo lado.Falar é fácil.O Brasil é independente há pelos menos duzentos anos. A míséria sempre existiu e vai continuar a existir.Não me contém patranhas.
O "amigo" Anónimo..(tem medo de pôr o nome ? ) é um reaccionário fascista de alto calibre, mas divertiu-me com a sua ignorância atávica.
Fui Alferes na Gurtta Colonial, Ferido em Combate e agraciado c/ CRUZ de GUERRA.
Lamentavelmente, aparecem por aqui, XICOS ESPERTOS botar "FALADURA" que mais valia irem cavar. Por favor não venham para aqui "agredir" os militares
Cada ignorante diz a sua merda como esse cesar Becker.Chama António fascista, mas ele deve ser mais fascista que os fascistas, que é o costume para estes pretensos democratas, que são mais primatas que os primatas, sem querer ofender os bichinhos.Quanto a guerra em africa nem vale a pena falar, pois e tal a diarreia mental que nem o imodium lhe vale.
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