Há dias assim…
Em que o mundo parece que para.
Em que as horas passam devagar e o sol desaparece para dar
lugar à chuva.
Dias há em que os mercados financeiros mudam de cor e
começam a penalizar tudo e todos.
Semanas em que Portugal, debaixo de austeridade, sofre os
ataques de baterias escondidas, de atacantes emboscados, desconhecidos.
Dias em que um gorila, de fato passado e peito feito, impede
um jornalista de fazer informação e cala um jovem estudante que está, talvez
com razão(!), insatisfeito com o estado do país.
São dias difíceis de austeridade, de sacrifício sobre o
sacrifício. De dor sem queixas; de exigências sem rumo e sem sentido.
A luz ao fundo do túnel, como disse alguém recentemente, não
é a da esperança mas antes a do comboio que vem de frente a alta velocidade.
O primeiro-ministro (o Primeiro de todos no país, o chefe de
governo) cita Camões esquecendo-se que o tempo dos Descobrimentos faz parte de
um passado, infelizmente longínquo.
Há dias em que se acredita que a Justiça é independente,
neutra e racional… Dias em que os cidadãos exigem que os responsáveis por esta
crise, tão familiar, sejam responsabilizados. Mas serão?
Dias em que os noticiários terminam da mesma forma que
começaram.
E é por isso que vale a pena relembrar Camões (e os
Descobrimentos). Não porque o primeiro-ministro o citou. Mas porque vale a pena
lembrar que noutros tempos, noutras vidas, fomos pioneiros. Soubemos inovar.
“As armas e os barões
assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados.”
Os Lusíadas, I, 1
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados.”
Os Lusíadas, I, 1