sexta-feira, março 10, 2006

Rússia inicia tentativa de negociação para pôr termo à luta armada


Contactos entre Moscovo e Hamas vistos como “um erro” pelos Israelitas

O primeiro-ministro interino israelita, Ehud Olmert, considera “um erro” os contactos que Moscovo estabeleceu com o movimento radical palestiniano, Hamas. O comunicado da presidência do Conselho israelita, divulgado esta semana, expõe que Olmert afirmou ao Presidente russo, Vladimir Putin, que “é um erro organizar encontros com os dirigentes do Hamas, antes dessa organização se comprometer a aceitar os três princípios aprovados pelo Quarteto, do qual a Rússia é membro”.

No mesmo documento é legível que “os contactos da Rússia com o Hamas não farão mais que encorajar essa organização a não realizar as alterações exigidas pela comunidade internacional para se tornar um parceiro para o diálogo”.

O reconhecimento do Estado de Israel foi uma das condições apresentadas ao Hamas pelo Quarteto para que o movimento palestiniano se torne parceiro no processo de paz. O termo dos ataques a alvos israelitas e o respeito pelos compromissos assumidos pela Autoridade Palestiniana no âmbito do processo de paz com Israel são também importantes para pôr fim à luta armada.

O Presidente Putin, citado pelo comunicado do Conselho israelita, “sublinhou, por várias vezes, que a Rússia não tomará qualquer medida dirigida contra os interesses de Israel ou susceptível de atentar contra a sua segurança”. “As negociações tiveram sempre lugar com interlocutores cujas posições são duras e complicadas”, acrescentou o chefe de Estado russo.

Os dirigentes do movimento, a convite de Putin, deslocaram-se, na passada sexta-feira, a Moscovo e foram recebidos pelo chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov. “Não poderá haver paz se a ocupação continuar”, afirmou Khaled Mashaal, chefe do gabinete político do Hamas, em conferência de imprensa, no final do encontro.

Mashaal lembrou que “Arafat e Mahmoud Abbas reconheceram Israel, mas isso não mudou nada”. O chefe do gabinete político do grupo palestiniano reiterou que o líder histórico palestiniano terá sido envenenado pelos serviços secretos israelitas: “Yasser Arafat e Israel negociaram durante mais de dez anos. O resultado foi que Israel matou Arafat”. O Hamas “dará um passo importante em direcção à paz” no caso de “Israel anunciar oficialmente a retirada dos territórios tomados em 1967, permitir o regresso dos refugiados, destruir o muro de separação e libertar todos os prisioneiros”, acrescentou Mashaal.

Desde a vitória nas legislativas palestinianas que o Hamas tem demonstrado alterações no discurso, dando sinais de que poderá aceitar a existência do Estado de Israel segundo as fronteiras definidas em 1948.